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NA MARRA
PEC que regulamenta o sistema financeiro vai ser votada na Câmara
Governo dobra seus radicais e deve aprovar hoje 1ª emenda
Sérgio Lima/Folha Imagem
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Observado pelos deputados Luciana Genro e Lindberg Farias, Babá (à dir.) cumprimenta o presidente nacional do PT, José Genoino |
RANIER BRAGON
RAYMUNDO COSTA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O Palácio do Planalto conseguiu
dobrar as alas radicais do PT e deve aprovar hoje sua primeira Proposta de Emenda à Constituição,
vital para o programa econômico
de governo. Enquadrada, a bancada petista na Câmara deve
apoiar o projeto com seus 92 votos. O governo resolveu aproveitar a votação para dar uma demonstração de unidade e disciplina partidária.
Na base de sustentação do palácio, a exceção pode ser o PDT,
ainda dividido entre as orientação
do ministro Miro Teixeira (Comunicações) e de seu presidente,
Leonel Brizola. O PSB, que também ameaçava debandar, decidiu
ficar com a proposta do Planalto,
mesmo à custa de um aprofundamento da crise entre Miguel Arraes (PE), presidente da legenda, e o ex-governador Anthony Garotinho (RJ), contrário à proposta.
Com o apoio declarado da oposição e com a dissidência se resumindo, possivelmente, ao PDT, o
governo deve conseguir com facilidade os 308 votos necessários
para a aprovação da PEC, que, em
suma, permite que o sistema financeiro seja regulado por meio
de "leis complementares", e não
apenas por uma lei complementar, como é hoje. A matéria, se
aprovada, terá ainda de ser votada
em segundo turno na Câmara.
A PEC 53/99 facilita a regulamentação do artigo 192 da Constituição, que trata do sistema financeiro. Aprovada, permitirá que o
governo envie ao Congresso projeto propondo a autonomia do
Banco Central, conforme se comprometeu no acordo com o Fundo Monetário Internacional. Esse
é o ponto que divide as opiniões.
A oposição -PSDB e PFL-
apoiou de imediato o projeto, mas
foi forte a resistência na base de
sustentação governista, especialmente no PT, o que levou o governo a jogar duro para evitar um desastre logo no seu primeiro teste
congressual importante.
O acordo costurado durante as
últimas semanas teve o ato final
na visita que o presidente nacional da legenda, José Genoino, fez
ontem a três dos principais críticos da PEC, os deputados Babá
(PA), Luciana Genro (RS) e Lindberg Farias (RJ).
"Essa visita mostra a clara disposição do presidente do partido
de, a partir de agora, ter uma relação política nova com essas alas",
disse Genoino após sair do encontro, ocorrido no gabinete de Lindberg. Ele reafirmou aos deputados que a autonomia do BC não
será proposta ao Congresso antes
de uma ampla discussão com a
sociedade e com a bancada do PT.
Genoino disse ainda aos deputados que o PL-9, projeto que
iguala ao da iniciativa privada o
teto salarial de aposentadoria dos
novos servidores, também será
fruto de debate e só será enviado
ao Congresso com a reforma previdenciária. O projeto sofre resistência dos radicais do PT.
"Valorizamos muito o gesto do
presidente do partido de vir conversar [...]. A questão do BC e do
PL-9 nos dá a convicção de que
chegamos a um importante ponto
em comum", disse Genro. Em
reunião ontem, os cerca de 25 integrantes das alas mais à esquerda
do PT decidiram fechar questão
pelo voto com o governo.
Mea culpa
O deputado Babá fez ontem
uma autocrítica em relação a declarações suas sobre o ministro
Luiz Gushiken (Comunicação de
Governo e Gestão Estratégica).
"Eu me excedi. Não devia ter dito
o que disse sobre o Gushiken. Faço uma autocrítica", afirmou perante os deputados petistas.
Há duas semanas, ele insinuou
que a proposta da reforma previdenciária poderia atender a interesses privados e mencionou o fato de Gushiken ter tido uma consultoria sobre Previdência.
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