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São Paulo, quarta-feira, 02 de abril de 2003

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NA MARRA

Ministro da Casa Civil lança desafio sobre placar da votação da emenda constitucional 192 ao chegar à Câmara

"Vamos ter 400 votos ou não me chamo Dirceu"

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Responsável pela articulação política do governo Lula, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, mostrava ontem confiança de que o Planalto provará hoje, em sua primeira grande votação no Congresso, que tem poder de fogo para aprovar as reformas.
"Pode olhar o placar amanhã, vamos ter 400 votos ou não me chamo José Dirceu", afirmou após chegar ao Congresso para mais uma rodada de negociações. São necessários 308 votos (três quintos da Câmara) para aprovar, em primeiro turno, a PEC sobre o sistema financeiro.
O ministro participava ontem pessoalmente das costuras para vencer a última frente de resistência à PEC, formada pelos pedetistas liderados pelo presidente nacional da legenda, Leonel Brizola.
Dirceu participou nas últimas semanas de várias reuniões com os líderes da base aliada, com o PMDB e com a oposição para preparar o terreno para a votação. Ele foi peça fundamental para dobrar a esquerda petista, que cedeu à pressão, a votar o texto vindo do Senado, que é de autoria do tucano José Serra, mas foi alterado por Jefferson Péres (PDT-AM).
O ministro deu o aval ao presidente nacional da legenda, José Genoino, para que ele desse a garantia aos radicais de que a autonomia do Banco Central não será apresentada ao Congresso sem amplo debate com a sociedade e com a bancada do PT.
Os chamados radicais são contra a autonomia do BC afirmando que isso seria mais uma concessão indevida do governo aos mercados. "A bancada do PT não faz oposição ao governo, mas não é a bancada do "sim, senhor". É uma bancada que discute", afirmou Genoino depois de se reunir ontem com os petistas das alas mais à esquerda do partido
Para atrair o apoio da oposição e do PMDB, que ainda negocia sua adesão formal à base aliada, Dirceu negociou a concessão em pontos da recriação do Refis (refinanciamento de dívidas das empresas com a União), com o abrandamento de normas para aderir ao novo programa -em fase de finalização da negociação.
Além disso, o governo abriu mão de arrecadação em prol de Estados governados pela oposição e pelo PMDB na votação da medida provisória da estadualização das rodovias federais.
O ministro voltou a afirmar que não é o governo que defende as reformas, mas sim "o país e a sociedade". Segundo ele, o sucesso do Planalto no encaminhamento das propostas -que dá seu passo inicial na votação de hoje- é essencial para que o governo tenha margem para abaixar a taxa básica de juros da economia.
"Temos que reduzir os juros porque o país tem pressa de crescer", concluiu. (RANIER BRAGON E RAYMUNDO COSTA)


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