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NA MARRA
Ministro da Casa Civil lança desafio sobre placar da votação da emenda constitucional 192 ao chegar à Câmara
"Vamos ter 400 votos ou não me chamo Dirceu"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Responsável pela articulação
política do governo Lula, o ministro-chefe da Casa Civil, José Dirceu, mostrava ontem confiança
de que o Planalto provará hoje,
em sua primeira grande votação
no Congresso, que tem poder de
fogo para aprovar as reformas.
"Pode olhar o placar amanhã,
vamos ter 400 votos ou não me
chamo José Dirceu", afirmou
após chegar ao Congresso para
mais uma rodada de negociações.
São necessários 308 votos (três
quintos da Câmara) para aprovar,
em primeiro turno, a PEC sobre o
sistema financeiro.
O ministro participava ontem
pessoalmente das costuras para
vencer a última frente de resistência à PEC, formada pelos pedetistas liderados pelo presidente nacional da legenda, Leonel Brizola.
Dirceu participou nas últimas
semanas de várias reuniões com
os líderes da base aliada, com o
PMDB e com a oposição para preparar o terreno para a votação. Ele
foi peça fundamental para dobrar
a esquerda petista, que cedeu à
pressão, a votar o texto vindo do
Senado, que é de autoria do tucano José Serra, mas foi alterado por
Jefferson Péres (PDT-AM).
O ministro deu o aval ao presidente nacional da legenda, José
Genoino, para que ele desse a garantia aos radicais de que a autonomia do Banco Central não será
apresentada ao Congresso sem
amplo debate com a sociedade e
com a bancada do PT.
Os chamados radicais são contra a autonomia do BC afirmando
que isso seria mais uma concessão indevida do governo aos mercados. "A bancada do PT não faz
oposição ao governo, mas não é a
bancada do "sim, senhor". É uma
bancada que discute", afirmou
Genoino depois de se reunir ontem com os petistas das alas mais
à esquerda do partido
Para atrair o apoio da oposição
e do PMDB, que ainda negocia
sua adesão formal à base aliada,
Dirceu negociou a concessão em
pontos da recriação do Refis (refinanciamento de dívidas das empresas com a União), com o
abrandamento de normas para
aderir ao novo programa -em
fase de finalização da negociação.
Além disso, o governo abriu
mão de arrecadação em prol de
Estados governados pela oposição e pelo PMDB na votação da
medida provisória da estadualização das rodovias federais.
O ministro voltou a afirmar que
não é o governo que defende as
reformas, mas sim "o país e a sociedade". Segundo ele, o sucesso
do Planalto no encaminhamento
das propostas -que dá seu passo
inicial na votação de hoje- é essencial para que o governo tenha
margem para abaixar a taxa básica de juros da economia.
"Temos que reduzir os juros
porque o país tem pressa de crescer", concluiu.
(RANIER BRAGON E RAYMUNDO COSTA)
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