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Lula usa horário
do PT na TV para
defender governo
KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Avaliando que o "episódio Santoro" permite uma contra-ofensiva eficaz no caso Waldomiro Diniz, o presidente Luiz Inácio Lula
da Silva decidiu usar o horário político do PT na virada de abril para
maio a fim de defender o governo
e o seu partido. E novamente determinou aos principais ministros que demonstrem união de
público e joguem mais afinados,
sob pena de todo o governo ser
prejudicado.
Lula teve duas reuniões importantes ontem de manhã no Palácio da Alvorada, sua residência
oficial. Na primeira, reagrupou
pela primeira vez desde o fim de
janeiro o antigo "núcleo duro"
-os ministros José Dirceu (Casa
Civil), Antonio Palocci Filho (Fazenda) e Luiz Gushiken (Comunicação de Governo). Na segunda
reunião, falou com o presidente
do PT, José Genoino.
"Os programas de TV terão
uma mistura de resposta política
e de defesa do governo e do PT",
disse Genoino. Ele afirmou que
está consultando dirigentes de peso do PT para "definir a linha do
programa" até a reunião do Diretório Nacional, marcada para os
dias 17 e 18 de abril.
Comerciais do PT irão ao ar nos
dias 23 e 24 deste mês. No início
de maio, será exibido o programa
nacional de 20 minutos. O publicitário Duda Mendonça, que aparentemente não perdeu a confiança de Lula por conta de peça da
campanha do governo que usou
imagem enganosa, já prepara a linha de combate à crise.
Terá lugar de destaque nessa estratégia a tese de "conspiração"
por conta da revelação da gravação do encontro entre o empresário Carlinhos Cachoeira e o subprocurador-geral da República
José Roberto Santoro.
Os comerciais e o programa de
TV também darão respostas à bateria de críticas que o governo sofre na TV desde o ano passado.
PDT, PFL e PSDB já usaram seu
horário político para criticar o governo e o PT. Na avaliação de Lula, o "episódio Santoro", acusado
de ter ligações com o PSDB, deu
ao governo e ao PT argumentos
políticos para sair da defensiva no
caso Waldomiro Diniz e tentar
minimizar danos nas eleições
municipais de outubro.
Segundo Genoino, ele esteve
com Lula durante 15 minutos e
não participou da reunião anterior do presidente.
Segundo a Folha apurou, o presidente determinou, durante a
primeira reunião, um melhor entrosamento entre eles, que tiveram conflitos de bastidor ao longo
de quase dois meses de crise.
Dirceu, por exemplo, tentou se
livrar da crise do caso Waldomiro
reforçando críticas do PT e de
aliados à política econômica de
Palocci. Gushiken, que se aliou ao
ministro da Fazenda nesse embate, também teve rusgas com o
chefe da Casa Civil. O presidente
quer o fim do que chama de "intrigas" e de "guerra no governo".
Palocci e Dirceu, por exemplo, devem conceder entrevistas juntos
sobre economia, por sugestão do
presidente, numa tentativa de
mostrar que a disputa entre eles
está superada. Coincidentemente,
ao saírem do Alvorada, Dirceu
acenou para Palocci e o convidou
a entrar seu carro oficial, para
irem juntos ao Planalto.
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