São Paulo, sexta-feira, 02 de abril de 2004

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Lula usa horário do PT na TV para defender governo

KENNEDY ALENCAR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Avaliando que o "episódio Santoro" permite uma contra-ofensiva eficaz no caso Waldomiro Diniz, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva decidiu usar o horário político do PT na virada de abril para maio a fim de defender o governo e o seu partido. E novamente determinou aos principais ministros que demonstrem união de público e joguem mais afinados, sob pena de todo o governo ser prejudicado.
Lula teve duas reuniões importantes ontem de manhã no Palácio da Alvorada, sua residência oficial. Na primeira, reagrupou pela primeira vez desde o fim de janeiro o antigo "núcleo duro" -os ministros José Dirceu (Casa Civil), Antonio Palocci Filho (Fazenda) e Luiz Gushiken (Comunicação de Governo). Na segunda reunião, falou com o presidente do PT, José Genoino.
"Os programas de TV terão uma mistura de resposta política e de defesa do governo e do PT", disse Genoino. Ele afirmou que está consultando dirigentes de peso do PT para "definir a linha do programa" até a reunião do Diretório Nacional, marcada para os dias 17 e 18 de abril.
Comerciais do PT irão ao ar nos dias 23 e 24 deste mês. No início de maio, será exibido o programa nacional de 20 minutos. O publicitário Duda Mendonça, que aparentemente não perdeu a confiança de Lula por conta de peça da campanha do governo que usou imagem enganosa, já prepara a linha de combate à crise.
Terá lugar de destaque nessa estratégia a tese de "conspiração" por conta da revelação da gravação do encontro entre o empresário Carlinhos Cachoeira e o subprocurador-geral da República José Roberto Santoro.
Os comerciais e o programa de TV também darão respostas à bateria de críticas que o governo sofre na TV desde o ano passado.
PDT, PFL e PSDB já usaram seu horário político para criticar o governo e o PT. Na avaliação de Lula, o "episódio Santoro", acusado de ter ligações com o PSDB, deu ao governo e ao PT argumentos políticos para sair da defensiva no caso Waldomiro Diniz e tentar minimizar danos nas eleições municipais de outubro.
Segundo Genoino, ele esteve com Lula durante 15 minutos e não participou da reunião anterior do presidente.
Segundo a Folha apurou, o presidente determinou, durante a primeira reunião, um melhor entrosamento entre eles, que tiveram conflitos de bastidor ao longo de quase dois meses de crise.
Dirceu, por exemplo, tentou se livrar da crise do caso Waldomiro reforçando críticas do PT e de aliados à política econômica de Palocci. Gushiken, que se aliou ao ministro da Fazenda nesse embate, também teve rusgas com o chefe da Casa Civil. O presidente quer o fim do que chama de "intrigas" e de "guerra no governo". Palocci e Dirceu, por exemplo, devem conceder entrevistas juntos sobre economia, por sugestão do presidente, numa tentativa de mostrar que a disputa entre eles está superada. Coincidentemente, ao saírem do Alvorada, Dirceu acenou para Palocci e o convidou a entrar seu carro oficial, para irem juntos ao Planalto.


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