São Paulo, segunda-feira, 02 de abril de 2007

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

"Porteira fechada" faz PT temer perder cargos

Disposto a agradar partidos aliados, presidente Lula pode fatiar postos estratégicos ocupados por petistas em ministérios

"Temos autonomia total no ministério a partir de agora, foi isso que ouvimos do presidente", diz líder do PP, partido à frente das Cidades

FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

No primeiro mandato de Luiz Inácio Lula da Silva, o PT infiltrou-se na burocracia dos ministérios controlados por legendas aliadas. Agora, se movimenta para evitar um expurgo de seus quadros.
Pelo menos 42 petistas ocupam postos de comando na estrutura de ministérios de aliados. São secretários, chefes-de-gabinete, assessores especiais e diretores de departamentos.
Desde que se reelegeu, Lula se mostra mais disposto a agradar aos partidos de sua base. Autorizou a "política da porteira fechada", que permite às siglas aliadas ocuparem toda a estrutura de seus ministérios.
"Temos autonomia total no ministério a partir de agora, foi isso que ouvimos do presidente", diz o líder do PP na Câmara, Mário Negromonte (BA). O partido controla a pasta das Cidades, ministério que funciona com uma estrutura que vem desde a gestão de Olívio Dutra (PT). O PP já faz planos de substituir secretários petistas por ex-deputados seus.
O Ministério de Minas e Energia, do PMDB, é tocado por secretários petistas, herança da gestão Dilma Rousseff.
Na também peemedebista Saúde, há seis altas funções ocupadas por petistas. No Trabalho, que passou para o PDT, 11 cargos de direção estão nas mãos de petistas. O ministro Carlos Lupi deve dispensá-los.
Desde o início da reforma ministerial, o presidente do PT, Ricardo Berzoini, tem peregrinado por ministérios para interceder por correligionários.
"É impossível montar ministério com pessoas de um partido só. Seria incorreto. Quanto mais plural a participação, melhor o ambiente interno", disse ele em entrevista ao site do PT.
Os padrinhos dos petistas na Esplanada são variados. Entre os mais poderosos está o governador da Bahia, Jaques Wagner, com aliados que vão do subchefe de Assuntos Parlamentares da Presidência, Marcos Lima, ao responsável pelo Plano da Lavoura Cacaueira da Agricultura, Gustavo Moura.
Ainda na Agricultura, o secretário de Desenvolvimento Agropecuário, Marco Antonio Portocarrero, é ligado ao ex-governador Zeca do PT (MS).
Na Cultura, o secretário de Audiovisual, Orlando Senna, é egresso do governo Benedita da Silva (RJ). A estrutura do Trabalho é reduto do PT paulista.


Texto Anterior: Análise: Nova equipe mostra Lula mais distante de PT
Próximo Texto: CGU e Receita investigam 86 servidores federais milionários
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.