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CGU e Receita investigam 86 servidores federais milionários
Funcionários declararam patrimônio superior a R$ 100 milhões; entre eles, 55 dizem possuir mais de R$ 1 milhão em dinheiro vivo guardado em casa
LEONARDO SOUZA
ANDRÉA MICHAEL
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A Controladoria Geral da
União e a Receita Federal investigam patrimônio superior a
R$ 100 milhões declarado por
86 servidores federais em postos com alto potencial de corrupção. Desses, 55 dizem possuir mais de R$ 1 milhão em dinheiro vivo que alegam guardar
em casa ou em outro lugar.
A Receita considera esse dado como indício do primeiro
passo da lavagem de recursos
obtidos ilegalmente, como propina e dinheiro público desviado. Os demais 31 servidores milionários têm patrimônio líquido a descoberto em pelo menos
R$ 1 milhão -seus bens tiveram acréscimo de R$ 1 milhão
ou mais acima do que sua renda
comportaria. Desses, seis têm
patrimônio a descoberto, ou seja, nunca declarado ao fisco, superior a R$ 10 milhões.
No cálculo que supera R$ 100
milhões foram considerados
somente os bens e direitos sobre os quais há suspeitas de irregularidades. Pelo menos R$
55 milhões em dinheiro vivo e
outros R$ 85 milhões (ou mais)
em patrimônio a descoberto
-sendo 25 servidores na linha
acima de R$ 1 milhão.
A CGU tem hoje 364 investigações em curso contra agentes
públicos federais. Além desse
trabalho, com a ajuda da Receita, foram identificados 17 mil
funcionários em cargos com
potencial de corrupção. Estão
na relação servidores que, dada
a natureza de sua atividade, podem ser submetidos facilmente
a situações de suborno e de desvio de recursos públicos.
Os 86 casos ainda estão em
fase preliminar de investigação, para os quais a CGU deve
abrir sindicâncias patrimoniais. No atual governo, 1.035
agentes públicos federais foram demitidos ou tiveram aposentadoria cassada. "A importância para nós é o efeito exemplar. Ninguém mais pode ter a
tranqüilidade para se locupletar do dinheiro público", disse o
ministro da CGU, Jorge Hage.
A tática de declarar posse de
dinheiro em espécie é muito
usada por pessoas que pretendem omitir a origem de recursos obtidos ilegalmente. Na
maioria das vezes, o dinheiro
informado ao fisco não existe.
Assim, quando recebem propina, por exemplo, podem
comprar um imóvel ou outro
bem alegando ter empregado o
dinheiro vivo declarado nos
anos anteriores.
De 2003 para cá, foram abertos 18.417 procedimentos administrativos disciplinares
contra servidores. Os ministérios e as diferentes esferas do
governo federal têm autonomia para investigar seus funcionários quando são detectados indícios de corrupção. Os
casos são informados à CGU,
que passa a acompanhá-los.
A controladoria também
abre suas próprias investigações por suspeitas de enriquecimento ilícito, o que pode
ocorrer de três formas.
No primeiro caso, quando
são identificados sinais de irregularidades nas declarações de
bens e renda que os servidores
são obrigados a fornecer aos órgãos aos quais estão subordinados. O segundo caso se dá a partir de denúncias. O terceiro
ocorre quando há comunicados
do Conselho de Controle de
Atividades Financeiras.
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