São Paulo, quarta-feira, 02 de abril de 2008

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IML exuma suposta ossada de espanhol

Restos mortais serão submetidos a exames comparativos para identificar Miguel Nuet, morto na ditadura

CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Técnicos do IML (Instituto Médico Legal) exumaram ontem a suposta ossada do espanhol Miguel Sabat Nuet, morto durante a ditadura. O procedimento foi autorizado pela procuradora Eugênia Gonzaga Fávero, que acompanhou a retirada dos restos mortais da cova 485, quadra 7, no cemitério Dom Bosco, em São Paulo.
Também estiveram presentes a ex-guerrilheira Criméia Almeida e Marco Antonio Barbosa, presidente da Comissão dos Mortos e Desaparecidos Políticos da Secretaria Especial de Direitos Humanos. Apesar da expectativa, especialistas forenses acham pouco provável a identificação de Nuet.
"A ossada está em avançado grau de decomposição, por ter ficado tanto tempo na terra. Fica difícil fazer os exames comparativos", disse à Folha o diretor do Núcleo de Antropologia Forense do IML, Mario Jorge Tsuchiya.
Responsável pela equipe que realizou a exumação, Tsuchiya explicou que "há poucas chances de se conseguir extrair material genético em tais condições" para um exame de DNA. Mas ponderou sobre a importância das informações que serão dadas pela família. O Ministério Público Federal pediu aos parentes que relatem as características físicas de Nuet para que possam ser comparadas.
Em janeiro, a reportagem divulgou a história de Nuet, que migrou para a Venezuela aos 30 anos. Lá ele trabalhava como vendedor de veículos, e não há informações conhecidas que o relacionem com movimentos de esquerda. Numa viagem a São Paulo em 1973, Nuet foi preso por agentes do Departamento de Operações Internas (DOI), para "averiguação". Depois, passou pelo Departamento de Ordem Política e Social (Dops). Segundo a versão oficial, ele se suicidou às vésperas de ser expulso do Brasil.
Filha de Nuet, María del Carmen de Sabat, 53, tem esperanças na identificação da ossada do pai. Em entrevista à Folha, por telefone, de Caracas, ela disse que buscará a verdade e cobrará indenização à Justiça brasileira. "Quero saber se ele foi torturado e cobrar a reparação a que temos direito", avisa. Ela nega que o pai tenha se envolvido em atividades políticas.


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