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IML exuma suposta ossada de espanhol
Restos mortais serão submetidos a exames comparativos para identificar Miguel Nuet, morto na ditadura
CLAUDIO DANTAS SEQUEIRA
DA REPORTAGEM LOCAL
Técnicos do IML (Instituto
Médico Legal) exumaram ontem a suposta ossada do espanhol Miguel Sabat Nuet, morto
durante a ditadura. O procedimento foi autorizado pela procuradora Eugênia Gonzaga Fávero, que acompanhou a retirada dos restos mortais da cova
485, quadra 7, no cemitério
Dom Bosco, em São Paulo.
Também estiveram presentes a ex-guerrilheira Criméia
Almeida e Marco Antonio Barbosa, presidente da Comissão
dos Mortos e Desaparecidos
Políticos da Secretaria Especial
de Direitos Humanos. Apesar
da expectativa, especialistas forenses acham pouco provável a
identificação de Nuet.
"A ossada está em avançado
grau de decomposição, por ter
ficado tanto tempo na terra. Fica difícil fazer os exames comparativos", disse à Folha o diretor do Núcleo de Antropologia Forense do IML, Mario
Jorge Tsuchiya.
Responsável pela equipe que
realizou a exumação, Tsuchiya
explicou que "há poucas chances de se conseguir extrair material genético em tais condições" para um exame de DNA.
Mas ponderou sobre a importância das informações que serão dadas pela família. O Ministério Público Federal pediu
aos parentes que relatem as características físicas de Nuet para que possam ser comparadas.
Em janeiro, a reportagem divulgou a história de Nuet, que
migrou para a Venezuela aos
30 anos. Lá ele trabalhava como vendedor de veículos, e não
há informações conhecidas que
o relacionem com movimentos
de esquerda. Numa viagem a
São Paulo em 1973, Nuet foi
preso por agentes do Departamento de Operações Internas
(DOI), para "averiguação". Depois, passou pelo Departamento de Ordem Política e Social
(Dops). Segundo a versão oficial, ele se suicidou às vésperas
de ser expulso do Brasil.
Filha de Nuet, María del Carmen de Sabat, 53, tem esperanças na identificação da ossada
do pai. Em entrevista à Folha,
por telefone, de Caracas, ela
disse que buscará a verdade e
cobrará indenização à Justiça
brasileira. "Quero saber se ele
foi torturado e cobrar a reparação a que temos direito", avisa.
Ela nega que o pai tenha se envolvido em atividades políticas.
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