São Paulo, quarta-feira, 02 de abril de 2008

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Serra pede trégua a defensores de Kassab

Governador teme efeitos que declarações favoráveis de seus aliados à reeleição de prefeito possam ter na sucessão de 2010

Tucano pode apoiar Alckmin diante de pressões no PSDB; segundo Datafolha, maioria do eleitorado prefere Serra ao lado de correligionário

CATIA SEABRA
DA REPORTAGEM LOCAL

Sob pressão dos alckmistas e temendo reflexo na disputa presidencial, o governador de São Paulo, José Serra, fez apelo para que seus aliados deponham as armas na briga interna do PSDB. Serra tem pedido moderação aos defensores da aliança com o prefeito Gilberto Kassab (DEM), especialmente aos seus principais assessores.
Seu medo é que manifestações mais enfáticas de serristas sejam encaradas como uma intervenção pessoal em favor de Kassab. Após divulgação pesquisa Datafolha, Serra também tem admitido a necessidade de se declarar sobre a sucessão.
A expectativa é que explicite apoio à candidatura do ex-governador Geraldo Alckmin. Serra e Alckmin se reuniram recentemente.
Segundo tucanos, nas conversas, Serra cita o resultado da pesquisa, em que 60% dos entrevistados afirmam que deveria apoiar o candidato do PSDB na disputa municipal.
Favorito na corrida presidencial, ele teria alertado ainda para o risco de brigas internas prejudicarem a candidatura do PSDB à Presidência.
Além disso, a pesquisa teria servido para abrandar o ânimo de serristas, antes dispostos a um enfrentamento no PSDB. A pedido de Serra, a idéia de convenção tem sido rechaçada.
"Convenção é uma idéia muito radicalizada. Até uma convenção, há um longo caminho", afirmou ontem o líder do PSDB na Câmara, Gilberto Natalini, para quem "o clima está mais calmo".
Entre os aliados de Serra, há quem defenda a disputa no voto para a escolha do candidato. Mas o governador tem pedido para que se contenham.
Entusiasta da aliança, o vice-governador Alberto Goldman voltou ontem a defender a coligação. E, apesar da liderança de Alckmin na pesquisa, disse que "qualquer solução, seja Geraldo ou Kassab na cabeça de chapa, teria resultado final equivalente". Mas ressaltou: "O ideal está na minha cabeça. Só que a unidade é mais importante do que minha chapa ideal".
O silêncio do secretário municipal Andrea Matarazzo (Coordenação de Subprefeituras), amigo do governador, também é usado para mensurar esse esforço de Serra.
Outro: em artigo publicado na Folha, o presidente municipal do PSDB, José Henrique Reis Lobo, defendeu a "densidade eleitoral" como critério de escolha do candidato. Foi interpretado como um gesto em favor de Alckmin.
A resignação dos serristas preocupa democratas. O medo é que Kassab perca sustentação política no PSDB e desista.
Nas conversas, porém, Kassab tem comemorado o índice de aprovação de seu governo, de 38%. "Se, com índices como esses, Maluf elegeu o Pitta, o prefeito pode se reeleger", afirmou o secretário municipal Rodrigo Garcia (DEM).


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