São Paulo, segunda-feira, 02 de maio de 2005

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TODA MÍDIA

Nelson de Sá

A derrota

O site do britânico "Financial Times", entre outros, anunciava ontem que a Organização dos Estados Americanos se reúne hoje em Washington para eleger o chileno José Insulza como secretário-geral:
- O mexicano apoiado pelos EUA, que têm dominado historicamente a OEA desde a criação em 1948, desistiu.
Segundo a também britânica agência Reuters, a secretária de Estado dos EUA, Condoleezza Rice, "aceitou a derrota".
Em troca, teria conseguido do socialista chileno a promessa de questionar, na OEA, quem não "governar democraticamente".

 

Nos EUA, foi um espanto.
A secretária, em entrevista reproduzida no site do Departamento de Estado, lançou a palavra-chave, "consenso".
O correspondente Larry Rohter, no "New York Times", comprou e abriu a reportagem falando em "escolha de consenso". Mas também ele notou, mais à frente, que "é a primeira vez na história em que um candidato ao qual os EUA se opuseram vai liderar a organização".
O "Los Angeles Times" saiu destacando que em meio século "candidatos apoiados pelos EUA nunca haviam perdido":
- Mas no fim o bloco liderado pelos presidentes Ricardo Lagos e Lula prevaleceu.
O "Washington Post", que só reproduziu a agência americana AP, dourou a pílula já no título, falando em "Secretária feliz com nova direção da OEA". O "Miami Herald" deu que ela até "considera elevar as contribuições americanas à entidade".
Mas um "funcionário" do Departamento de Estado avisou no mesmo "Miami Herald":
- Eu espero que [o consenso sobre o chileno] seja recebido com apreço real na América do Sul. Que eles reconheçam que ela [Rice] foi inteligente o bastante e teve fé neles o bastante para procurar unir a região em vez de alcançar uma vitória de Pirro de curta duração.
 

Comentando a vitória anunciada, o chileno "La Tercera" ressaltou ontem o "lobby intenso" realizado pelo Brasil.
E o "Financial Times" citou que José Insulza ganhou com apoio do venezuelano Hugo Chávez, que até "ofereceu petróleo em troca de votos dos pequenos países do Caribe".
E é ele o alvo da ressalva, aceita pelo chileno, contra quem não "governar democraticamente".

"O EIXO"
Globo/Reprodução
Lula entre padres e freiras, ontem na missa

Saiu no colombiano "El Tiempo", no chileno "La Tercera" e outros o Barômetro Latino-americano de Governabilidade, pesquisa sobre presidentes. Desta vez, no título do "El Tiempo", "Fidel, Chávez e Lula, os três mandatários de esquerda, são as figuras mais destacadas". Formariam um "eixo" que se destacou nas respostas à questão "quem é o líder mais importante da América Latina". Para o jornal, é uma prova da "aceitação que está tendo a abertura de uma brecha com ares esquerdistas no outrora sólido bloco pró-EUA".
Por aqui, longe da projeção no hemisfério, Lula não foi aos milionários shows de 1º de Maio, mas à missa no ABC, onde escutou nova homilia contra o desemprego -e, na edição do Fantástico, saiu entre aplausos.

"Não existe"
Celso Amorim se juntou aos chanceleres de México, Nova Zelândia, África do Sul e Suécia para um artigo no "International Herald Tribune", em defesa dos respectivos programas nucleares, intitulado "O que não existe não pode proliferar".
Começam hoje em Nova York as conversas para revisão do tratado de não-proliferação.

Dois sandinistas
O "Miami Herald" vem tentando entender, a cada edição, o que ocorre na Nicarágua, onde está para cair o presidente.
A tese é que a oposição sandinista se dividiu em duas, como toda a esquerda -de um lado o ex-presidente Daniel Ortega, um Chávez, e do outro o ex-prefeito Herty Lewites, um Lula.
A torcida é pelo segundo.

DESAGRADÁVEL
Globo News/Reprodução
Severino com Paulinho; atrás, Geraldo Alckmin

No dizer de Glória Maria, do Fantástico, "Severino Cavalcanti viveu uma experiência bem desagradável". Segundo a Globo, ele foi "hostilizado" no showmício da Força Sindical. Segundo a Folha Online, ele "foi recebido com vaias e gestos com os dedos". No enunciado da rádio CBN à tarde, "um milhão vaiam Severino".
Mas Severino não está nem aí, declarou ao Fantástico que não ouviu vaias ("recebi aplausos, recebi aplausos"). E segue em frente, roubando dia após dia a cena de governistas e de oposicionistas, em toda a mídia.

@ - nelsondesa@folhasp.com.br

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