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Sem presidente, governo é criticado no ABC
DA REPORTAGEM LOCAL
O presidente Luiz Inácio Lula da Silva livrou-se ontem de
constrangimento ao faltar, pela
primeira vez em 27 anos, à Missa do Trabalhador, em São Bernardo. Além de um sermão repleto de críticas à política econômica, a cerimônia foi marcada por um protesto de funcionários da vizinha cidade de Diadema, administrada pelo petista José Filippi.
Designados representantes
de Lula, o ministro da Previdência, Luiz Marinho, e a ministra do Turismo, Marta Suplicy, não só foram cercados
por grevistas mas ouviram a
dura pregação do vigário-geral
da diocese do ABC, Roberto Alves Marangon, segundo o qual
"o desemprego ainda é uma ferida". Ele disse ainda que via a
dignidade se esvair das mãos
dos atores "deste novo Brasil".
Ao lembrar o papel histórico
da Igreja Nossa Senhora da Boa
Viagem -refúgio dos metalúrgicos durante as greves de 70-,
Marangon disse que, mais uma
vez, clamavam aos céus alertando os poderes públicos. No
passado, resistindo à opressão.
"Hoje, por vozes que continuam clamando por dignidade
e direitos que aos poucos vemos se esvaindo das mãos daqueles que foram os protagonistas deste novo Brasil que
idealizamos", afirmou.
O presidente Lula passou o
dia no Palácio da Alvorada com
familiares. Pela manhã, jogou
futebol com convidados.
Sob aplausos, Marangon cobrou a promoção do desenvolvimento. "Faz-se necessário ir
além do liberalismo que tem no
livre mercado ou na livre troca
a sua lei maior".
Marinho, que recebeu os grevistas, disse que relatará a Lula
que a homília foi o reconhecimento de suas ações. "Estamos
no rumo certo." O secretário de
Administração de Diadema,
Donisete Fernandes, disse que
uma comissão foi montada para negociação com grevistas.
Mas a prefeitura não abre mão
de desconto de 9 dos 15 dias
de paralisação.
O senador Eduardo Suplicy
(SP) sentou-se ao lado de Marta durante a missa, que reuniu
cerca de 1.500 pessoas.
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