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PT busca pretexto para não revelar doadores, diz TSE
Marco Aurélio ataca partido, que esconde origem de R$ 16,2 mi da campanha de Lula
Tesoureiro petista afirma
que informações serão
divulgadas quando tribunal
resolver problemas com
programa de computador
FÁBIO ZANINI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O presidente do Tribunal Superior Eleitoral, ministro Marco Aurélio Mello, acusou ontem o PT de procurar "desculpas" ao responsabilizar o programa de informática do TSE
pelo atraso na entrega de prestação de contas detalhadas.
"É fácil transferir a culpa aos
outros. Acham que, como o sistema informatizado não se
mostrou ágil, não estariam
compelidos a prestar contas. É
um pretexto para projetar
[adiar] a prestação de contas",
afirmou Marco Aurélio.
Ao contrário de praticamente todos os outros partidos, o
PT apresentou só um resumo
de suas contas de 2006 no prazo final para isso, anteontem.
A campanha à reeleição do
presidente Luiz Inácio Lula da
Silva recebeu R$ 16,2 milhões
do Diretório Nacional do PT,
segundo a prestação de contas
entregue em 2006. Equivale a
47,5% dos R$ 34,12 milhões
que o partido afirma agora ter
repassado a seus candidatos em
2006, sem identificar os doadores e destinatários do dinheiro.
Os livros-caixa, que contêm
informações como as listas de
doadores e de credores do partido, não foram entregues. O
PT afirmou que o novo sistema
do TSE apresentou falhas.
Marco Aurélio reconhece
que o programa "deixa a desejar", mas afirma que alguns dias
antes do prazo final o TSE autorizou os partidos a fazerem a
prestação de contas pelo sistema anterior, manual. "Os partidos podem fazer a prestação de
contas pelo sistema tradicional. Não é a inexistência de um
sistema ágil que dá a eles [PT]
direito de se eximirem de prestar contas", disse o ministro.
Segundo ele, os prazos previstos em lei "têm de ser respeitados". "Se as contas não estiverem de acordo com o figurino
legal, serão desaprovadas."
O PT argumenta que não seria "factível" voltar ao sistema
anterior agora, pois teria de recomeçar o trabalho do zero.
"Seria muito difícil", diz Paulo
Ferreira, tesoureiro do partido.
Ferreira diz que o partido está mantendo contato com o
TSE para que haja um acompanhamento técnico. "Entregaremos os dados quando os problemas técnicos forem resolvidos. (...) O prazo para isso é o
prazo da correção do sistema."
Dez dias antes do prazo final,
com o acúmulo de reclamações,
o TSE liberou os partidos para
fazerem a prestação pelo sistema anterior. O PT foi um dos
poucos a insistir no sistema novo. Ferreira disse que o partido
não está procurando ganhar
tempo. Segundo ele, os dados
só não foram apresentados
porque houve erro na hora de
lançar no sistema do TSE.
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