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Grampo aumenta suspeitas sobre Medina
Segundo gravações da PF, o ministro do STJ chegou a antecipar seu voto e a orientar um advogado num processo no tribunal
Investigado na Operação Hurricane, o magistrado foi relator de um processo que concedeu habeas corpus negado pelo TJ de Minas
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Conversas gravadas pela Polícia Federal mostram que o
ministro do STJ (Superior Tribunal de Justiça) Paulo Medina
chegou a antecipar seu voto e a
orientar um advogado num
processo que estava sendo analisado pelo tribunal.
Medina é um dos envolvidos
na Operação Hurricane (furacão, em inglês) da PF.
A gravação, de 1º de dezembro de 2006, mostra diálogo
entre Medina e o advogado
Paulo Eduardo Almeida de Mello, ex-diretor do Tribunal Regional Eleitoral de Minas. Os
trechos, que constam no inquérito da PF, foram divulgados
ontem por "O Globo".
Mello perguntava a Medina
sobre um processo em que um
diretor do Minas Tênis Clube,
Fernando Furtado Ferreira,
era acusado de usar uma carteira de policial falsa.
Mello relata sua versão para a
história: Ferreira teria ido, de
carro, visitar outro clube do Estado. Sem documentos, foi barrado por seguranças e teria
apresentado carteira de policial
encontrada no porta-luvas do
veículo para identificar-se.
Ferreira foi preso e teria seu
habeas corpus julgado pelo
STJ. O relator do processo era
Medina. Depois de expor o caso, Mello diz a Medina que a
atitude é comum: "Quando eu
era diretor do TRE, eu tinha
uma também. Possivelmente
você [Medina] deve ter tido como juiz também", diz. O ministro responde afirmativamente.
O pedido de habeas corpus já
havia sido negado pelo Tribunal de Justiça de Minas. Medina explica, então, o seu voto,
que seria apresentado no dia
seguinte à gravação.
"Eu estou sustentando uma
tese que realmente era um documento... Porte de um documento falso. Só que tem que a
falsidade, para o uso dela, tem
que ser destinação a que ele... A
que ela se dirige. Quer dizer, se
é um falso, mas ele não se apresentou como polícia. Documento de policia. Então não
há... Não há o crime. Não há tipicidade. Estou saindo por aí
para ver se... Por aí é mais fácil."
Além de antecipar o voto,
Medina recomenda a Mello que
seja feita sustentação oral da
defesa na sessão do STJ. "Manda ele [advogado] fazer sustentação, xará (...), porque sem
sustentação é meio perigoso",
diz o ministro. O habeas corpus
foi concedido por 4 a 1.
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