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São Paulo, segunda-feira, 02 de junho de 2003

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Governo agora investe na cooperação Sul/Sul

DO ENVIADO A EVIAN

O governo brasileiro explicitou ontem que está fazendo uma aposta forte no chamado relacionamento Sul/Sul, ou seja, entre os países em desenvolvimento.
"O presidente Lula se entusiasmou muito com a possibilidade de uma reunião entre os grandes países em desenvolvimento, o que incluiria China e Rússia", disse o chanceler Celso Amorim, depois de dois dias de reuniões bilaterais entre a delegação brasileira e governantes de Arábia Saudita, Senegal, África do Sul, Nigéria, Argélia e Rússia. Hoje, Lula fecha o círculo, ao reunir-se com o primeiro-ministro da Índia, Atal Bihari Vajpayee, e com o presidente da China, Hu Jintao.
"Saímos das reuniões com a consciência de que os países em desenvolvimento precisam estreitar relações entre si", disse o próprio Lula, em entrevista coletiva.
O presidente sugeriu que se faça no Brasil a próxima cúpula do G15, um grupo de países em desenvolvimento de que o Brasil faz parte, mas que vinha tratando com certo descaso.
Reuniões à parte, o encontro com o primeiro-ministro argelino, Abdelaziz Bouteflika, rendeu cooperação concreta: o Brasil vai enviar ajuda humanitária ao país, vítima de recente terremoto que causou a morte de mais de 3.000 pessoas. Além disso, vai estudar a possibilidade de colaborar na reconstrução das 15 mil casas.
Outro passo no rumo da cooperação Sul/Sul será dado nos dias 5 e 6, em Brasília, na primeira reunião da chamada Trilateral do Sul. Chanceleres do Brasil, África do Sul e Índia discutirão passos concretos para a cooperação.
"Um acordo na área de transporte marítimo, por exemplo, pode facilitar o comércio do Mercosul com a Índia, via África do Sul", sonha o ministro Celso Amorim.
A Folha quis saber de Amorim se o esquema Sul/Sul poderia ser uma resposta preventiva à hipótese de fracasso nas negociações comerciais com a União Européia e os EUA. "Não é alternativa. A cooperação é boa em si mesmo e, além disso, reforça nosso poder de barganha ante os países desenvolvidos", respondeu Amorim.
Também não é uma cooperação de pobres com pobres, com resultados igualmente pobres, diz o assessor diplomático da Presidência, Marco Aurélio Garcia.
Lembra, primeiro, que a China tornou-se, em abril, o segundo maior mercado para exportações brasileiras, após os EUA. Lembra igualmente que, com Índia e China, as trocas comerciais envolvem "rubricas de primeiro mundo", como informática, aviões e fármacos. "Não estamos trocando manga por kiwi." (CR)


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