São Paulo, quarta-feira, 02 de junho de 2004

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FOGO AMIGO

Ministro do Desenvolvimento diz que custo/benefício deve ser levado em conta no momento de bloquear verbas

Furlan critica "corte horizontal" no Orçamento da União

ANDRÉ SOLIANI
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O ministro do Desenvolvimento, Luiz Fernando Furlan, criticou ontem a gestão do Orçamento. Para ele, o governo bloqueia verbas de forma "horizontal" sem considerar que alguns projetos têm potencial de retorno financeiro que compensa o investimento.
"O governo e a imprensa têm pouca sensibilidade de relação custo/benefício", afirmou Furlan. As reclamações de Furlan começaram como uma resposta aos críticos das viagens do presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
Segundo o ministro, as viagens internacionais do presidente tiveram papel importante para o aumento das exportações brasileiras e, portanto, se justificam. "Não foram festividades", afirmou ele.
Furlan disse que o aumento percentual das exportações para os países visitados pelo presidente foram acima da média do crescimento total das vendas externas. "Apenas o aumento das vendas para a Síria é maior que o valor do avião", disse o ministro.
O novo avião da Presidência sairá por US$ 56,7 milhões. As exportações para a Síria, desde o início do ano, cresceram 800% e chegaram a US$ 74 milhões. O valor é US$ 66 milhões maior que o dos cinco meses de 2003.
Questionado pela Folha se ele poderia detalhar por que o governo não tinha sensibilidade ao avaliar o custo/benefício de programas, o ministro recorreu a uma comparação com a imprensa.
Na sua opinião, os jornais, muitas vezes, destacam nas suas edições reportagens que não deveriam merecer espaço na mídia, pois são baseadas em apurações distorcidas. Ao mesmo tempo, continuou Furlan, histórias bem fundamentadas acabam sendo escondidas nas últimas páginas.
"Quando [o governo] faz corte de Orçamento, corta de maneira horizontal", lamentou Furlan. Segundo ele, entre as centenas de projetos públicos, existem alguns mais relevantes, cujos investimentos seriam compensados num prazo de dois anos.
De acordo com o ministro, esses projetos prioritários não são, muitas vezes, poupados dos contigenciamentos. Ontem, a assessoria de imprensa do Ministério do Planejamento não respondeu às afirmações de Furlan.


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