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CAMPO MINADO
Ministro fala à CPI
Para Rossetto, conflito é sinal de democracia
ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Ao falar no Senado sobre a
questão fundiária, o ministro Miguel Rossetto (Desenvolvimento
Agrário) disse ontem que "o conflito muitas vezes é sinal de ambiente democrático". Segundo
Rossetto, é necessário saber o limite entre conflito e violência. O
ministro falou por cinco horas à
Comissão Parlamentar Mista de
Inquérito da Terra.
Rossetto afirmou que o cronograma dos assentamentos da reforma agrária "vai bem" e que
"não há dúvidas" de que o governo do presidente Luiz Inácio Lula
da Silva assentará mais famílias
que seu antecessor.
"Já estamos assentando mais",
disse, afirmando que 29 mil famílias receberam terras entre janeiro
e maio deste ano. A meta para
2004 é assentar 115 mil famílias.
Em 2003, foram 36 mil famílias.
"Foi um ano difícil", disse Rossetto, que reconheceu que a greve
no Incra (Instituto Nacional de
Colonização e Reforma Agrária)
tem atrapalhado trabalhos como
inspeções e demarcação de terras.
O ministro anunciou que o Plano Safra 2004-2005 terá R$ 7 bilhões para financiamentos de
agricultura familiar. O Plano
2003-2004, que se encerra no final
de junho, teve R$ 4,5 bilhões.
Para os parlamentares da oposição, o quadro mostrado pelo ministro "não passa de ficção".
"A reforma agrária que o ministro vende não é o que se vê", disse
o senador Álvaro Dias (PSDB-PR), presidente da CPI. Ele criticou ainda a compra de terras para
desapropriação pagando preço
de mercado. "Isso é querer fazer
reforma agrária de luxo", disse o
senador tucano.
Pará
Sobre os conflitos no sul do Pará, o ministro disse que "o padrão
de violência chega a níveis insustentáveis" no Estado. A área é foco de conflitos com grileiros e
posseiros. No final de semana, um
confronto entre posseiros e funcionários de uma fazenda em
Anapu deixou um morto.
Segundo o ministro, quase metade das mortes por problemas
fundiários no país acontecem no
Pará. "Há que se reconhecer que
existem territórios do país que
simplesmente não têm república", disse Rossetto.
Ele afirmou apoiar a formação
de forças-tarefas para atuar na região, mas disse não acreditar que
elas resolvam os conflitos, já que a
situação no local não é conjuntural. "É um problema endêmico e
estrutural", disse.
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