|
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice
GRAMPO NO BNDES
Ministro afirma que há "diferenças" entre setores do governo
Calheiros vê "crise" entre
PF e inteligência do governo
AUGUSTO GAZIR
WILLIAM FRANÇA
da Sucursal de Brasília
O ministro Renan Calheiros
(Justiça) reconheceu ontem
que há "crise",
"rusga" e "tremor" na relação
entre a Polícia
Federal -subordinada a ele- e o
setor de inteligência federal, comandado pelo general Alberto
Cardoso, chefe da Casa Militar da
Presidência da República.
"Não dá para esconder as divergências", afirmou Calheiros. "Se
essas coisas continuarem a acontecer, não vamos chegar a lugar nenhum", disse.
Segundo o ministro, há dois tipos de inteligência: a policial, que
investiga em busca de provas, e a
clássica, que assessora o governo e
o presidente da República.
"Essas coisas precisam definitivamente ser separadas. Se você
juntar as duas coisas, vai colaborar
para uma guerra que não tem sentido. É preciso dizer isso", afirmou
o ministro da Justiça.
"Isso tudo terá de ser resolvido.
Agora, é preciso ter humildade e
conversar. Colocar o problema sobre a mesa e não tentar escondê-lo
embaixo do tapete", afirmou Calheiros.
O ministro disse que seu propósito é buscar conciliação com o general Cardoso. "Se separarmos as
duas inteligências, nós não vamos
ter crise. É preciso que todos saibam que um não pode atropelar o
espaço do outro", disse o ministro
da Justiça.
Relacionamento bom
Calheiros afirmou ainda que todos os setores do governo possuem conflitos. "O setor de inteligência também." Ele disse, porém,
manter o melhor dos relacionamentos com Cardoso.
Calheiros fez as afirmações no
Palácio do Planalto depois da cerimônia de apresentação do projeto
que proíbe a venda de armas no
país.
No mesmo ato, presidido pelo
presidente Fernando Henrique
Cardoso, estava presente o general
Cardoso.
Ele não comentou as declarações
de Calheiros, mas disse que "nunca passou pela sua cabeça" pedir
demissão, ao contrário dos boatos
que circularam no fim-de-semana.
"Nunca abandonei um barco, sempre fui até o fim nas minhas missões", afirmou.
O general Cardoso disse ter ainda
duas missões no governo federal:
consolidar o serviço de inteligência e a Senad (Secretaria Nacional
Antidrogas).
Segundo ele, a Senad "tem incomodado muita gente". O principal
desafeto do órgão é a Polícia Federal, que perdeu o controle sobre o
combate às drogas.
Investigações
Sobre a demora da PF em concluir as investigações do grampo
no BNDES, Calheiros frisou que o
órgão foi chamado para investigar
o fato sete meses após o ocorrido.
O ministro disse que "não vai se
prestar" a influenciar na investigação, como alguns setores -ele não
disse quais- estariam reivindicando. Segundo ele, o comando
deve ser exercido pelo presidente
do inquérito, o delegado Rubens
Grandini, da PF.
O caso se refere à gravação de
conversas telefônicas no prédio do
BNDES (Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social), no Rio.
Texto Anterior: Aprovada criação do Ministério da Defesa Próximo Texto: Diretor interino deve ser efetivado na PF Índice
|