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SENADO
Segundo juiz, pedido do Ministério Público não foi bem fundamentado
Estevão obtém liminar e deixa prisão em Brasília
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O senador cassado Luiz Estevão
(PMDB-DF) foi solto ontem, às
12h20, depois de passar 24 horas
numa cela da Superintendência
da Polícia Federal em Brasília. O
presidente do TRF (Tribunal Regional Federal), juiz Tourinho
Neto, atendeu ao pedido de habeas corpus da defesa e considerou que não havia motivo para a
prisão preventiva de Estevão.
Com a decisão, Estevão está livre, inclusive, para viajar para o
exterior. Com o recesso no Poder
Judiciário, que começou ontem,
um eventual recurso contra a liminar que libertou o ex-senador
só deverá ser julgado em agosto.
O advogado do ex-senador, Felipe Amodeo, disse que Estevão
vai depor amanhã, às 14h, na PF.
O Ministério Público ainda pretende apresentar novos pedidos
de prisão contra Estevão. Em São
Paulo, a procuradora da República Janice Ascari, que investiga o
superfaturamento do Fórum Trabalhista, disse que entrará amanhã com nova denúncia e pode
pedir a prisão do ex-senador.
"Exdrúxula"
Na decisão, Tourinho Neto classificou de "esdrúxula" a determinação do juiz Ronaldo Desterro,
da 10ª Vara Federal de Brasília, de
prender o senador cassado. "A
prisão está, na hipótese, sendo
aplicada como pena e não como
medida acautelatória", afirmou.
Tourinho Neto considerou que
a prisão foi uma "medida inequivocamente repressiva" e que o
juiz deveria "fundamentar devidamente sua decisão". Ele disse
ainda que havia perigo de prejuízo ao senador cassado, porque o
julgamento definitivo só vai ocorrer em agosto, devido ao recesso
no Poder Judiciário em julho.
"Foi corrigido um erro a que o
juiz Ronaldo Desterro foi levado
pela malícia do Ministério Público", afirmou Amodeo.
"A medida do juiz Ronaldo
Desterro foi sábia e corretíssima.
Equivocada foi a decisão de Tourinho", disse o procurador da República Luiz Francisco de Souza.
"Isso gera um imenso descrédito
no Judiciário e consolida a idéia
de que a Justiça brasileira só pega
ladrão de galinha", afirmou.
Apesar de Estevão ter perdido o
mandato por causa de seu suposto envolvimento nas obras superfaturadas do Fórum Trabalhista, a
prisão dele se deu por processos
antigos. A prisão foi decretada
com base na denúncia de que ele
teria cometido 27 tipos de irregularidades na administração da
Planalto Administradora de Consórcio, entre 1984 e 1995.
Como administrador, Estevão
foi denunciado por manter contabilidade paralela na empresa,
criar consorciados fantasmas, cobrar valores superiores aos devidos e simular aumento de capital.
Tumulto
Houve tumulto na saída de Estevão da prisão. Um grupo de seguranças ligados ao ex-senador
tentava intimidar jornalistas.
O ex-senador foi carregado por
correligionários que passaram a
noite na porta da PF e saiu ovacionado. O vice-governador do Distrito Federal, Benedito Domingos, participou da manifestação.
Estevão deixou a prisão dirigindo o seu próprio carro, um jipe
Cherokee, com a mulher, Cleucy,
e dois de seus seis filhos -que
carregou no colo até o carro.
Após deixar a PF, Estevão foi
para casa e, menos de duas horas
depois, foi ao hospital Santa Lúcia, onde sua mãe, Marita, está internada. Ele não deu declarações.
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