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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ REAÇÃO PETISTA
Tesoureiro do PT afirma em discurso que "Veja", "Estado" e Folha planejam depor presidente
Delúbio diz que "direita" quer impeachment de Lula e chora
ADRIANA CHAVES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM GOIÂNIA
Em discurso anteontem à noite
a sindicalistas em Goiânia, o tesoureiro nacional do PT, Delúbio
Soares, criticou a imprensa brasileira e disse que está sendo vítima
de "um movimento de calúnia
apresentado pela direita brasileira
contra o projeto de transformação social" do governo federal.
Durante o discurso, no qual
chorou em três ocasiões, Delúbio
convocou a militância do PT a lutar contra a suposta tentativa de
depor o presidente: "Se deixarmos, a direita vai querer fazer o
impeachment do presidente". As
declarações foram dadas pelo tesoureiro durante a cerimônia de
posse da nova diretoria do Sintego (Sindicato dos Trabalhadores
em Educação de Goiás), na Assembléia Legislativa. Professor licenciado há dez anos da rede pública, ele foi dirigente do Sintego.
O tesoureiro classificou de "arbitrariedade" o depoimento que o
Ministério Público tomou de seu
pai, Antônio Soares de Castro, na
semana passada: "Ficaram torturando meu pai, um velho de 75
anos que quatro anos atrás teve
um aneurisma". O Ministério Público de Goiás instaurou inquérito para apurar suposto enriquecimento ilícito e improbidade administrativa (por ter se licenciado
para atuar no Sintego).
Segundo o Sintego, uma portaria do governo estadual permitiu
o afastamento de Delúbio e de outros servidores para participação
em campanhas políticas. O prazo
da licença venceu em fevereiro
deste ano e ele teria devolvido ao
erário o equivalente aos salários
de março, abril, maio e junho.
A Secretaria Estadual da Educação instaurou procedimento para
apurar a licença. Ele recebe R$
1.020,28 líquidos por mês: "Fui
demitido em 80, 81, fui demitido
em 84. E agora, em plena mudança de tempos, os jornais dizem
que serei demitido novamente.
Eu já tenho 29 anos de categoria e
vou lutar para não ser demitido.
Não estou pedindo favor nenhum
ao Estado. O PT ressarce minhas
despesas, me dá ajuda de custo.
Mas meu emprego é de professor
estadual e não abro mão."
Ele negou a acusação de enriquecimento ilícito e disse que sua
declaração de renda provará que
seu padrão de vida não mudou:
"Moro em São Paulo em um apartamento que eu alugo há 14 anos.
Em Goiânia, tenho uma casa, que
era de meu pai, no Setor Coimbra.
Meu padrão de vida não mudou".
Delúbio contestou as denúncias
de pagamento de "mensalão":
"Imaginem vocês se o PT ia comprar voto de deputado, se ia carregar malas de dinheiro. E isso os
caras falam na maior cara dura.
Não têm uma prova. É mentira".
E acusou a imprensa: "A direita,
os conservadores, e vou dar nomes, a revista "Veja", o "Estadão", a
Folha de S.Paulo querem fazer o
impeachment do presidente Lula.
Porque a mentira que foi apresentada em tudo quanto é capa de
jornal e revista visa destruir não é
Delúbio Soares, filho de Janira Alves e Antônio Soares. Eles querem
destruir o projeto político que desenvolvemos para o país". Delúbio não quis falar com a imprensa
no fim da solenidade.
Procurado pela reportagem, a
assessoria do presidente do PT,
José Genoino, disse que ele não
comentaria as declarações.
Aristides
O ex-procurador-geral da República Aristides Junqueira desligou-se ontem da defesa do PT e
de Delúbio no caso do "mensalão". Junqueira considerou-se eticamente impedido de continuar
no caso por ter como sócio de escritório o subprocurador da República José Roberto Santoro, que
investigou denúncias contra Waldomiro Diniz. "Eu não sou impedido, ele o é, mas se ele faz parte
do meu escritório, das duas uma:
ou ele sai do meu escritório ou o
escritório sai do caso. E foi o que
resolvemos."
Colaborou a Redação
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