São Paulo, sábado, 02 de julho de 2005

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ESCÂNDALO DO "MENSALÃO"/ REAÇÃO PETISTA

Tesoureiro do PT afirma em discurso que "Veja", "Estado" e Folha planejam depor presidente

Delúbio diz que "direita" quer impeachment de Lula e chora

ADRIANA CHAVES
DA AGÊNCIA FOLHA, EM GOIÂNIA

Em discurso anteontem à noite a sindicalistas em Goiânia, o tesoureiro nacional do PT, Delúbio Soares, criticou a imprensa brasileira e disse que está sendo vítima de "um movimento de calúnia apresentado pela direita brasileira contra o projeto de transformação social" do governo federal.
Durante o discurso, no qual chorou em três ocasiões, Delúbio convocou a militância do PT a lutar contra a suposta tentativa de depor o presidente: "Se deixarmos, a direita vai querer fazer o impeachment do presidente". As declarações foram dadas pelo tesoureiro durante a cerimônia de posse da nova diretoria do Sintego (Sindicato dos Trabalhadores em Educação de Goiás), na Assembléia Legislativa. Professor licenciado há dez anos da rede pública, ele foi dirigente do Sintego.
O tesoureiro classificou de "arbitrariedade" o depoimento que o Ministério Público tomou de seu pai, Antônio Soares de Castro, na semana passada: "Ficaram torturando meu pai, um velho de 75 anos que quatro anos atrás teve um aneurisma". O Ministério Público de Goiás instaurou inquérito para apurar suposto enriquecimento ilícito e improbidade administrativa (por ter se licenciado para atuar no Sintego).
Segundo o Sintego, uma portaria do governo estadual permitiu o afastamento de Delúbio e de outros servidores para participação em campanhas políticas. O prazo da licença venceu em fevereiro deste ano e ele teria devolvido ao erário o equivalente aos salários de março, abril, maio e junho.
A Secretaria Estadual da Educação instaurou procedimento para apurar a licença. Ele recebe R$ 1.020,28 líquidos por mês: "Fui demitido em 80, 81, fui demitido em 84. E agora, em plena mudança de tempos, os jornais dizem que serei demitido novamente. Eu já tenho 29 anos de categoria e vou lutar para não ser demitido. Não estou pedindo favor nenhum ao Estado. O PT ressarce minhas despesas, me dá ajuda de custo. Mas meu emprego é de professor estadual e não abro mão."
Ele negou a acusação de enriquecimento ilícito e disse que sua declaração de renda provará que seu padrão de vida não mudou: "Moro em São Paulo em um apartamento que eu alugo há 14 anos. Em Goiânia, tenho uma casa, que era de meu pai, no Setor Coimbra. Meu padrão de vida não mudou".
Delúbio contestou as denúncias de pagamento de "mensalão": "Imaginem vocês se o PT ia comprar voto de deputado, se ia carregar malas de dinheiro. E isso os caras falam na maior cara dura. Não têm uma prova. É mentira". E acusou a imprensa: "A direita, os conservadores, e vou dar nomes, a revista "Veja", o "Estadão", a Folha de S.Paulo querem fazer o impeachment do presidente Lula. Porque a mentira que foi apresentada em tudo quanto é capa de jornal e revista visa destruir não é Delúbio Soares, filho de Janira Alves e Antônio Soares. Eles querem destruir o projeto político que desenvolvemos para o país". Delúbio não quis falar com a imprensa no fim da solenidade.
Procurado pela reportagem, a assessoria do presidente do PT, José Genoino, disse que ele não comentaria as declarações.

Aristides
O ex-procurador-geral da República Aristides Junqueira desligou-se ontem da defesa do PT e de Delúbio no caso do "mensalão". Junqueira considerou-se eticamente impedido de continuar no caso por ter como sócio de escritório o subprocurador da República José Roberto Santoro, que investigou denúncias contra Waldomiro Diniz. "Eu não sou impedido, ele o é, mas se ele faz parte do meu escritório, das duas uma: ou ele sai do meu escritório ou o escritório sai do caso. E foi o que resolvemos."


Colaborou a Redação


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