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ELEIÇÕES 2006/PRESIDÊNCIA
PMDB ensaia unificação ao redor do governo Lula
Integrantes do governo FHC declararam
apoio ao presidente nas últimas semanas
Mesmo candidatos ligados a
tucanos ou a pefelistas nos
Estados têm se mostrado
receptivos a, pelo menos,
um pacto de não-agressão
VERA MAGALHÃES
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
Em seu governo, o presidente Luiz Inácio Lula da Silva
sempre contou com o apoio de
apenas uma parcela do PMDB.
Porém, as conversas avançaram e Lula pode conseguir, se
reeleito, governar com praticamente todo o partido.
Nas últimas semanas, deixaram o pólo oposicionista alguns
expoentes do que se convencionou chamar "as viúvas de
FHC", grupo que teve importância nos governos de Fernando Henrique Cardoso e não
aderiu a Lula logo de cara.
Alguns, como Geddel Vieira
Lima (BA), passaram abertamente para o lado de Lula. Outros, como o ex-ministro de
FHC Moreira Franco (RJ),
mantêm a aproximação nos
bastidores, mas já articulam,
inclusive, cargos no governo.
Os responsáveis pelo "plano
de expansão" (como foi apelidado internamente) são o presidente do Senado, Renan Calheiros, e o ex-presidente José
Sarney (AP), pelo PMDB, e petistas como o ministro Tarso
Genro (Relações Institucionais) e Jaques Wagner (BA).
A despeito de PMDB e PT serem adversários renhidos no
Rio Grande do Sul, Tarso Genro
é o maior entusiasta, no governo, de uma aliança que traga o
PMDB inteiro. Avalia que, formando uma coalizão de fato,
que reduza a vulnerabilidade
do governo no Congresso, deixaria sua marca como articulador político e permitiria a estabilidade política que faltou nos
dois últimos anos.
Tarso trocou até mesmo
amabilidades com o governador Germano Rigotto, que prometeu palanque neutro no Rio
Grande do Sul -o que contraria
os planos do tucano Geraldo
Alckmin, que contava com o
apoio do PMDB no Estado.
Também conversou recentemente com Michel Temer, presidente da sigla, cuja aproximação com o governo tem sido
pendular -ora se aproxima,
ora se afasta.
A ampliação do apoio a Lula
deve gerar resistências por parte de quem deteve, até aqui, a
exclusividade na interlocução
com o governo e, conseqüentemente, na nomeação de cargos.
Os ex-oposicionistas tem deixado claro que a interlocução
com o governo pode mudar.
"A interlocução não pode
continuar a passar pelo Renan
e pelo Sarney. Se o Lula quiser
ter o PMDB todo, terá de ampliar a interlocução", diz um
dos ex-oposicionistas.
Os poucos focos de resistência no PMDB não devem incomodar Lula na campanha. Jarbas Vasconcelos, ex-governador de Pernambuco e favorito
para o Senado, já avisou a aliados que não fará ataques ao
presidente na campanha.
Aliado de Anthony Garotinho, crítico feroz do presidente, o candidato do PMDB ao governo do Rio, Sérgio Cabral,
tem mantido conversas freqüentes com interlocutores de
Lula. Além de Berzoini, conversa com o prefeito de Nova Iguaçu, o petista Lindberg Farias.
Alckmin, que conta com palanques peemedebistas para
alavancar sua reação nas pesquisas, terá de driblar a atração
exercida pelo atual favoritismo
de Lula. Mesmo candidatos que
fecharam com o PSDB ou o
PFL nos Estados, como Garibaldi Alves (RN) e André Pucinelli (MS), estão sendo procurados pelos emissários da unificação -e têm sido bastante receptivos a, pelo menos, um pacto de não-agressão.
Resistências petistas
Não é só no PMDB governista e no PSDB que a aproximação preocupa. O PT vê com desconfiança a possível ampliação
do espaço do partido no governo. O presidente da sigla, Ricardo Berzoini, trabalha pela coalizão, mas faz questão de delimitar espaços. "Não seremos
obstáculo para um governo de
coalizão, mas sempre terá de
ser levado em conta o tamanho
do PT. O PMDB já tem três ministérios fortíssimos", diz.
Ele afirma que, hoje, "o
PMDB está majoritariamente
com Lula". Atribui a aproximação não aos índices de Lula nas
pesquisas, mas às "raízes" de
PMDB e PT. "O discurso mais
popular de Lula coincide com a
história do PMDB", diz.
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