São Paulo, quinta, 2 de julho de 1998

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Governo prioriza os indicadores positivos

da Sucursal de Brasília

No quarto aniversário do Real, o governo priorizou a divulgação de dados dos três primeiros anos do programa de estabilização, deixando de lado indicadores negativos verificados de 1997 para cá.
O discurso do ministro Pedro Malan (Fazenda) e o livreto publicitário divulgado pelo Planalto enfatizaram o crescimento médio da economia de 4% entre 1994 e 1997.
Para 1998, entretanto, o crescimento previsto é de apenas 2%, devido à alta de juros promovida pela equipe econômica durante a crise asiática.
A divulgação de dados médios sobre a expansão do PIB (Produto Interno Bruto, total das riquezas produzidas pelo país) também esconde outro fato negativo: o maior crescimento da economia ocorreu nos primeiros anos do plano. Em 1997, por exemplo, o crescimento ficou restrito a 3,17%.
Nos dados de desemprego, o livreto publicitário também recorre aos números de 1997, deixando de fora a deterioração desse indicador verificada no quarto ano de vigência do Plano Real.
A publicidade apresenta uma taxa de desemprego de 6,3% em novembro de 1997, para fazer a comparação com índices de outros países. Em abril de 1998, entretanto, a taxa do IBGE atingiu 7,94%.
O livreto também se refere a uma taxa de desemprego de 6,36% para 1998, mas, para chegar a esse número, faz uma média entre as taxas verificadas em 1997 e em 1998.
O mesmo expediente é usado para sustentar que houve crescimento contínuo do poder de compra do salário mínimo. O livreto usa dados médios de 1997 e 1998, inflando o resultado deste ano.
Assim, a propaganda sugere que, em 98, um salário mínimo correspondia em média a 105% do preço da cesta básica, patamar parecido com os 106% de 97.
Em março e abril, entretanto, o preço da cesta básica superou o salário mínimo. Hoje, o salário equivale a 101% da cesta básica. Ou seja, nesse indicador houve regresso ao patamar médio de 1996, de 99%.
O livreto também abusa de números de 1996 para demonstrar que houve melhorias em indicadores de distribuição de renda, de consumo de eletrodomésticos e de expansão de rede de esgotos e fornecimento de água. (ALEX RIBEIRO)




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