São Paulo, quinta, 2 de julho de 1998

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Inflação afeta padrões morais, afirma Malan

da Sucursal de Brasília

A moeda de um país está diretamente associada aos valores da população e afeta os padrões éticos e morais do setor público e privado. Esses foram os argumentos utilizados pelo ministro Pedro Malan (Fazenda) e pelo presidente do Banco Central, Gustavo Franco, para mostrar a importância da queda da inflação depois da implantação do Plano Real.
Franco afirmou que a decadência "da nossa moeda coincidiu com alguns de nossos piores momentos em matéria de cidadania". "A desagregação da moeda leva à desagregação da cidadania", disse.
O presidente do Banco Central apresentou as novas moedas do Real e disse que, durante muitos anos, foi impossível planejar novas cédulas e moedas devido à inflação elevada.
Segundo ele, a inflação também deu impulso "à cultura da especulação financeira, da esperteza da lei de Gerson e mesmo da falta de educação no trânsito".
Malan afirmou que um dos motivos para a preservação da moeda é moral. "Uma inflação de 2.000% afeta os padrões éticos e morais do setor público e privado", afirmou.
Entretanto, ele disse que a queda da inflação "não é e nunca foi o único e singular motivo desse governo".

Previsão
A inflação em 98, segundo Franco, ficará abaixo de 4%. "Isso significa a inflação de dois dias em 1993. Se prometêssemos isso em 1994, ninguém acreditaria."
"O desenvolvimento com redução da desigualdade -que este governo almeja e tem praticado- pressupõe uma dimensão ética que é inconsistente com a presença da inflação", destacou Franco.
No passado, segundo ele, esse modelo podia ter funcionalidade, quando o objetivo era a industrialização. "Não é mais o caso quando o desenvolvimento aspira equidade", afirmou.
O ministro da Fazenda citou mais três motivos para preservar a moeda: eficácia econômica (possibilidade de planejamento), política (a maioria da população é a favor da estabilidade) e social (a inflação é um imposto que incide sobre pobres).



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