São Paulo, quinta, 2 de julho de 1998

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

0900
Juíza do Rio derrubou liminar que contestava uma decisão que já havia sido suspensa pelo Ministério da Justiça
Decisão contra telessorteio não tem efeito

LUIZ ANTÔNIO RYFF
SÉRGIO RANGEL
da Sucursal do Rio

A juíza da 26ª Vara Federal do Rio de Janeiro, Helena Elias Pinto, tomou uma decisão sem valor: cassou na segunda-feira uma liminar que invalidava um despacho do Ministério da Justiça que havia sido suspenso na sexta anterior pelo próprio ministério.
O diretor do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça, Nelson Lins Albuquerque, havia decidido proibir a veiculação dos sorteios pela televisão por intermédio do sistema 0900.
Com a Copa do Mundo, aumentou o volume desse tipo de sorteio.
Mas a Able (Associação Brasileira das Loterias Estaduais), uma das responsáveis pelos sorteios, entrou com pedido de liminares contra a decisão na Justiça de São Paulo e Rio.
Ganhou nos dois casos: juízes da 15ª Vara Federal de São Paulo e da 26ª Vara Federal do Rio de Janeiro concederam as liminares.
Com base nessas decisões, Nelson Lins decidiu suspender os efeitos do próprio despacho '"até decisão final do Poder Judiciário".
Ontem, o diretor afirmou que estava "de mãos atadas" porque o assunto se sobrepôs à esfera administrativa do ministério e que apenas esperava a decisão da Justiça Federal sobre o caso para fazer valer ou não seu despacho (leia texto ao lado).
A suspensão do despacho foi publicada na edição de sexta-feira do Diário Oficial.
Segundo a assessoria de imprensa da Justiça Federal no Rio, a juíza Helena Elias Pinto revogou a liminar, na segunda-feira, sem saber que o despacho do Ministério da Justiça havia sido suspenso três dias antes.

Demora
Se o Ministério da Justiça esperar a decisão final do Poder Judiciário, a resolução da questão dos sorteios pela TV pode demorar alguns anos.
No caso do Rio, se a Able entrar com recurso, o caso ainda deve passar pelo Tribunal Regional Federal e pelo Superior Tribunal de Justiça.
Apesar de a cassação da liminar não ter valor prático, o assessor de imprensa da Able, Ricardo Bruno, disse ontem que a entidade deverá entrar na próxima semana com recurso contra a decisão da juíza da 26ª Vara.
"Temos 15 dias para recorrer e vamos gastar todo o tempo para fazer um trabalho correto", disse Bruno.
Segundo ele, a Able deve entrar com um recurso alegando que o despacho do diretor do Departamento de Proteção e Defesa do Consumidor do Ministério da Justiça foi anulado pelo próprio diretor na sexta-feira.
Outro ponto de contestação da Able será que União teria entrado com pedido de cassação da mesma liminar em instância superior à da juíza Helena Elias Pinto, no Tribunal Regional Federal da 2ª Região (Rio e Espírito Santo).

Emissoras
O diretor de Divulgação da Rede Globo, Paulo Carneiro, disse que a emissora não suspendeu a exibição do programa "500 Gols do Faustão" porque a emissora julga que a decisão da Justiça na segunda-feira não proibiu a realização dos sorteios de prêmios com apostas por telefone com prefixo 0900.
Ele disse ainda que a emissora também não foi notificada.
Em São Paulo, a Rede Bandeirantes e a Rede Record informaram que não foram notificados oficialmente a respeito da decisão da Justiça do Rio e que seus sorteios vão continuar normalmente.


Colaborou a Reportagem Local



Texto Anterior | Próximo Texto | Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.