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0900
Juíza do Rio derrubou liminar que contestava uma decisão que já havia sido suspensa pelo Ministério da Justiça
Decisão contra telessorteio não tem efeito
LUIZ ANTÔNIO RYFF
SÉRGIO RANGEL
da Sucursal do Rio
A juíza da 26ª Vara Federal do
Rio de Janeiro, Helena Elias Pinto,
tomou uma decisão sem valor:
cassou na segunda-feira uma liminar que invalidava um despacho
do Ministério da Justiça que havia
sido suspenso na sexta anterior
pelo próprio ministério.
O diretor do Departamento de
Proteção e Defesa do Consumidor
do Ministério da Justiça, Nelson
Lins Albuquerque, havia decidido
proibir a veiculação dos sorteios
pela televisão por intermédio do
sistema 0900.
Com a Copa do Mundo, aumentou o volume desse tipo de sorteio.
Mas a Able (Associação Brasileira das Loterias Estaduais), uma
das responsáveis pelos sorteios,
entrou com pedido de liminares
contra a decisão na Justiça de São
Paulo e Rio.
Ganhou nos dois casos: juízes da
15ª Vara Federal de São Paulo e da
26ª Vara Federal do Rio de Janeiro
concederam as liminares.
Com base nessas decisões, Nelson Lins decidiu suspender os
efeitos do próprio despacho '"até
decisão final do Poder Judiciário".
Ontem, o diretor afirmou que
estava "de mãos atadas" porque
o assunto se sobrepôs à esfera administrativa do ministério e que
apenas esperava a decisão da Justiça Federal sobre o caso para fazer
valer ou não seu despacho (leia
texto ao lado).
A suspensão do despacho foi publicada na edição de sexta-feira do
Diário Oficial.
Segundo a assessoria de imprensa da Justiça Federal no Rio, a juíza Helena Elias Pinto revogou a liminar, na segunda-feira, sem saber que o despacho do Ministério
da Justiça havia sido suspenso três
dias antes.
Demora
Se o Ministério da Justiça esperar a decisão final do Poder Judiciário, a resolução da questão dos
sorteios pela TV pode demorar alguns anos.
No caso do Rio, se a Able entrar
com recurso, o caso ainda deve
passar pelo Tribunal Regional Federal e pelo Superior Tribunal de
Justiça.
Apesar de a cassação da liminar
não ter valor prático, o assessor de
imprensa da Able, Ricardo Bruno,
disse ontem que a entidade deverá
entrar na próxima semana com
recurso contra a decisão da juíza
da 26ª Vara.
"Temos 15 dias para recorrer e
vamos gastar todo o tempo para
fazer um trabalho correto", disse
Bruno.
Segundo ele, a Able deve entrar
com um recurso alegando que o
despacho do diretor do Departamento de Proteção e Defesa do
Consumidor do Ministério da Justiça foi anulado pelo próprio diretor na sexta-feira.
Outro ponto de contestação da
Able será que União teria entrado
com pedido de cassação da mesma liminar em instância superior
à da juíza Helena Elias Pinto, no
Tribunal Regional Federal da 2ª
Região (Rio e Espírito Santo).
Emissoras
O diretor de Divulgação da Rede
Globo, Paulo Carneiro, disse que a
emissora não suspendeu a exibição do programa "500 Gols do
Faustão" porque a emissora julga
que a decisão da Justiça na segunda-feira não proibiu a realização
dos sorteios de prêmios com
apostas por telefone com prefixo
0900.
Ele disse ainda que a emissora
também não foi notificada.
Em São Paulo, a Rede Bandeirantes e a Rede Record informaram que não foram notificados
oficialmente a respeito da decisão
da Justiça do Rio e que seus sorteios vão continuar normalmente.
Colaborou a Reportagem Local
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