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Ministério da Justiça alega estar de "mãos atadas'
CRISTIANA NEPOMUCENO
da Sucursal de Brasília
Os programas de sorteios de prêmios pelo prefixo 0900 transmitidos pelas principais emissoras de
televisão vão continuar no ar até
que o Tribunal Regional Federal
de São Paulo devolva ao Ministério da Justiça o poder de autorizar
a realização dos jogos.
Enquanto isso não acontece, o
ministério '"está de mãos atadas"
e não poderá suspender os sorteios, disse o diretor do Departamento de Proteção e Defesa do
Consumidor, Nelson Lins Albuquerque.
Segundo ele, o ministério quer
que a Caixa assuma a tarefa de autorizar as entidades filantrópicas a
realizar sorteios.
Lins afirmou que a concessão
das permissões para a realização
dos sorteios é "um peso" para o
ministério. Leia a seguir trechos da
entrevista concedida ontem.
Folha - Apesar da decisão da 26ª
Vara da Justiça Federal do Rio de
Janeiro, os programas continuam
normalmente. Por quê?
Nelson Lins Albuquerque - O
ministério ficou de mãos atadas
nisso tudo porque existe o mérito
de uma ação apresentada à 15ª Vara da Justiça Federal de São Paulo
que ainda não foi julgado.
A Justiça de São Paulo concedeu,
no início de maio, uma tutela antecipada a uma ação civil pública
apresentada pelo Ministério Público em São Paulo e proibiu o ministério de autorizar as entidades filantrópicas de realizar sorteios.
Portanto, o ministério não pode
proibir os sorteios porque ele nem
sequer pode autorizá-los.
Folha - Por que o senhor decidiu,
na sexta passada, suspender o seu
despacho do dia 24 de abril que
proibiu os sorteios que não fossem
autorizados pelo ministério?
Albuquerque - Pela falta de
uma decisão da Justiça. Fiquei no
meio de uma batalha judicial. Eu
não cancelei o meu despacho, apenas o suspendi. Quando a Justiça
decidir, o teor do meu despacho
volta a valer.
Folha - Mas o senhor poderia
manter o despacho se quisesse.
Albuquerque - Sim, mas por
que eu vou ficar atendendo telefonemas do senhor Toninho (José
Carlos Toninho, deputado estadual de São Paulo que presidiu a
CPI dos Bingos na Assembléia Legislativa) e do senhor André de
Carvalho (promotor federal) todo
dia, me cobrando o cumprimento
do despacho se eu não tenho absolutamente nada a ver com isso?
Só vou tornar o meu despacho
vigente quando a Justiça decidir.
Folha - Independentemente da
decisão judicial, o senhor não acha
que o governo deveria exercer um
certo controle sobre os sorteios?
Albuquerque - Enquanto as autorizações dos sorteios eram feitas
pelo ministério nós tínhamos o
controle. Hoje, temos cerca de 15
pessoas no Brasil inteiro cuidando
da autorização e da fiscalização.
É por isso que estamos tentando
transferir a tarefa de autorizar os
sorteios para a CEF (Caixa Econômica Federal). Hoje a CEF é o órgão que explora as loterias. Ela tem
estrutura técnica para isso.
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