São Paulo, Sexta-feira, 02 de Julho de 1999
Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Fantasmas na CPTM são investigados

RICARDO GALHARDO
da Reportagem Local

O Ministério Público Estadual e a Polícia Civil estão investigando a existência de vigilantes fantasma na CPTM (Companhia Paulista de Trens Metropolitanos), empresa de economia mista do governo paulista.
Segundo documentos apresentados por ex-funcionários da companhia, a CPTM paga à empresa de segurança Gocil por vigilantes que não trabalham.
Os contratos de segurança da CPTM somam aproximadamente R$ 75 milhões.
A Gocil nega as fraudes e a CPTM se limita a informar que instaurou uma auditoria interna para averiguar as denúncias.
O ex-funcionário da CPTM José Cícero Braz apresentou 25 cartões de ponto irregulares de vigilantes da empresa Gocil que prestam serviços à companhia.
Os cartões estão preenchidos, mas não têm os nomes dos respectivos vigilantes.
Em comunicação interna da CPTM datada de 10 de fevereiro, o funcionário Wellington dos Santos afirma ter encontrado 11 cartões de ponto preenchidos em uma plataforma ferroviária, embora não houvesse nenhum vigilante no local.

Controles
O deputado estadual Paulo Teixeira (PT), que investiga os contratos desde 1996, afirma que os documentos apresentados por Braz e outros dois ex-funcionários da CPTM e da Gocil indicam que a estatal fazia dois tipos de controle dos seguranças.
No registro oficial, havia fraudes nos cartões de ponto. Em livros de registro paralelos era marcada de fato a presença dos funcionários (veja quadro ao lado).
Cópias dos cartões e dos livros foram remetidas à Promotoria da Cidadania, responsável pela investigação no Ministério Público.
A pedido da promotoria, a Polícia Civil instaurou inquérito para apurar o caso.
Em depoimentos à Polícia Civil, Braz e o também ex-funcionário da CPTM Alex Kazi Menezes afirmam que os cartões eram preenchidos irregularmente.
O ex-gerente operacional da Gocil Marco Antonio Guerra Poças também denunciou as irregularidades à Promotoria de Justiça, no dia 27 de maio. Ele está desaparecido desde o dia 7 de junho. Os três disseram que funcionários da CPTM recebiam propinas da Gocil para facilitar as fraudes.
A Polícia Civil está investigando o desaparecimento. O deputado Paulo Teixeira afirma ter recebido telefonema de Poças na segunda-feira, no qual teria dito que fugiu porque estava recebendo ameaças.


Texto Anterior: Paranapanema será vendida por R$ 651 mi
Próximo Texto: CDHU paga além do sugerido
Índice


Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Agência Folha.