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NO AR
Negócios privados
NELSON DE SÁ
EDITOR DA ILUSTRADA
A Globo repetiu ontem o
dia todo, até o Jornal Nacional, uma declaração de Ciro
Gomes:
- O fato de um cidadão privado ter negócios com outro cidadão privado, o que eu tenho a
ver com isso?
A declaração vinha em meio à
notícia de que o ex-coordenador
de sua campanha, José Carlos
Martinez, "vai responder na
Justiça por sonegação de mais
de R$ 20 milhões, evasão de divisas, falso testemunho e falsidade ideológica".
Isso porque "o esquema PC financiou" o ex-coordenador na
montagem de uma rede de TV.
É o mesmo PC Farias que foi,
prosseguiu o JN, "tesoureiro da
campanha do ex-presidente
Fernando Collor".
Em contraste com tal relato,
chamar PC de "cidadão privado" que tem "negócios privados", como fez Ciro, tem para o
telespectador o efeito de uma
explosão de imagem.
É certo que a saída do coordenador aconteceu a tempo do
primeiro debate dos presidenciáveis, marcado para domingo,
na Bandeirantes.
Mas Ciro ofereceu mais resistência do que seria prudente, como se evidenciou pela declaração destacada na Globo, e aumentou o estrago.
Pior, talvez: se se livrou da
companhia de um collorido, ele
segue com outros, caso do também petebista Roberto Jefferson,
que estava lá, falante, destacado
no mesmo JN.
Feliz pelos danos que sua recém-descoberta agressividade
fez na campanha adversária,
José Serra chegou a ironizar, na
rádio Bandeirantes, a saída de
José Carlos Martinez.
Se ele é "tão puro" quando garante Ciro, segundo o tucano,
não deveria ter saído.
O coordenador saiu, mas o vice de Ciro, Paulo Pereira da Silva, vem sendo defendido a todo
custo na campanha.
A começar dos próprios Ciro e
Paulinho. Este recuperou a voz e
afirmou na Jovem Pan que a hipótese de desistir seria absolutamente inexistente.
No amplo esforço de conter o
estrago das denúncias, até Roberto Freire apareceu para defender o vice.
Mas Paulinho falou mais do
que devia, às vésperas do primeiro debate dos candidato. Ele
teria declarado:
- Pegamos informações para
metralhar o Serra.
O debate promete, tanto para
Serra como para Ciro.
Franklin Martins, que chefia a
Globo em Brasília, saiu-se com
esta avaliação, na CBN:
- Lula assiste de camarote à
briga de Ciro e Serra.
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