São Paulo, sexta-feira, 02 de agosto de 2002

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CRISE CAPIXABA

Policiais federais que integram missão há 15 dias ainda não receberam dinheiro para alimentação e hospedagem

Falta de verba ameaça missão especial no ES

FERNANDA KRAKOVICS
DA AGÊNCIA FOLHA

Os 50 policiais federais que integram, há quinze dias, a missão especial convocada para combater o crime organizado no Espírito Santo ainda não receberam o dinheiro para despesas como alimentação e hospedagem.
A missão especial, que atuará durante 90 dias, foi formada após o arquivamento do pedido de intervenção federal no Estado. A medida levou o então ministro da Justiça, Miguel Reale Júnior, a deixar o governo.
O decreto 1.656, de 3 de outubro de 1995, prevê a concessão de diárias "por dia de afastamento da sede do serviço, destinando-se a indenizar o servidor de despesas extraordinárias com pousada, alimentação e locomoção urbana". Os valores variam de R$ 60 a R$ 80, de acordo com o cargo.
O coordenador da Polícia Federal na missão especial capixaba, delegado José Paulo Rubim, confirma que as diárias não foram pagas. "Os delegados também não receberam ainda." A assessoria de imprensa da Polícia Federal em Brasília informou que os valores serão pagos nos próximos dias.
"Os policiais estão tendo que usar cheque especial. Eles têm gastos nos Estados de origem, como aluguel e escola dos filhos, e ainda têm que pagar despesas aqui", disse o presidente do Sindicato dos Policiais Federais do Estado, Paulo Roberto Barreto. Os agentes vieram de Brasília, Pará, Rio Grande do Norte, Maranhão e Santa Catarina. Segundo Barreto, há risco de paralisação.
A falta de dinheiro não afeta somente os agentes da missão especial. A Polícia Federal capixaba possui dívida de R$ 500 mil relativa a gastos com combustível, luz e telefone. Para o presidente do sindicato, "se o governo federal realmente quer combater o crime organizado tem que oferecer condições financeiras".
Barreto ainda defende a prorrogação da atuação do grupo para três anos e a criação de uma força-tarefa nas polícias Civil e Militar para apurar crimes de mando.
A missão é formada pela PF, Polícia Rodoviária Federal, Procuradoria da República e Receita Federal. As corporações estaduais ficaram de fora devido às acusações feitas pela OAB (Ordem dos Advogados do Brasil) de infiltração do crime organizado nas polícias e no governo estadual. Além de investigar crimes federais, como lavagem de dinheiro e narcotráfico, a missão trabalha no esclarecimento de crimes contra a vida, de competência estadual.



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