São Paulo, segunda-feira, 02 de agosto de 2004

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Entidade precisa deixar de ser fonte de "lamentações", diz Skaf

MARCIO AITH
EDITOR DE DINHEIRO

Aos 48 anos, o empresário Paulo Skaf, presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria Têxtil), pode ser o segundo candidato de oposição a vencer as eleições para a presidência da Fiesp. Em entrevista à Folha, Skaf disse que, sob seu comando, a entidade deixaria de ser um foco de "lamentações" para "costurar um projeto de poder político".

Folha - Qual é a relevância da Fiesp no cenário atual?
Paulo Skaf
- São Paulo concentra 40% do PIB industrial brasileiro. Além disso, fica no Estado o comando de empresas com atividades em outras regiões do país e até em outros países.

Folha - Existe a impressão de que a entidade perdeu influência ao longo dos anos.
Skaf
- É possível recuperar o prestígio da Fiesp. Pode-se costurar um projeto de poder político para a entidade. Existem focos de decisão e de poder, por exemplo, no Ministério da Fazenda, na Receita, no Banco Central e no Congresso. A Fiesp tem de fazer um trabalho antecipando-se aos fatos, para desatar os nós que prejudicam os empresários. É preciso ter estreito relacionamento com os poderes. Estamos na era da parceria. Confronto só é necessário quando precisamos. Hoje, a Fiesp não tem trânsito político. Fica discutindo os assuntos apenas em teoria.

Folha - Existe uma percepção generalizada de que o sr. tem o apoio do governo. É verdade?
Skaf
- Você precisa perguntar isso ao governo federal. Não vou achar ruim se alguém manifestar simpatia pela minha candidatura. O que tem de errado nisso?

Folha - Em quais aspectos sua gestão seria diferente da atual?
Skaf
- Entendo que a Fiesp deva ter uma postura muito mais pró-ativa, para antecipar fatos e buscar resultados concretos. A Fiesp não pode adotar um comportamento reativo. Não adianta só criticar, temos que levar soluções. O presidente da Fiesp não pode ser um comentarista econômico. Ele tem que fazer com que a entidade tenha poder político. Enquanto a entidade foi crítica nesses últimos anos, a carga tributária subiu de 20% para 40% e o prazo de pagamento de impostos encurtou. Enquanto a Fiesp foi crítica, os juros permaneceram os mais altos do mundo, isso sem contar os juros de balcão, os créditos bancários.

Folha - Analistas dizem que as presidências da Fiesp e do Ciesp deverão ser conquistadas por candidatos diferentes pela primeira vez na história. Que impacto essa divisão teria na classe empresarial?
Skaf
- Discordo desses analistas. Acho que vamos ganhar as duas eleições. Acho que a classe industrial tem que ficar unida. Precisamos manter a unidade.

Folha - O sr. se diz de oposição, mas é vice-presidente da Fiesp na atual gestão, de Horacio Lafer Piva. Não é uma contradição?
Skaf
- A Fiesp tem uma dúzia de vices. Não sou o primeiro nem o segundo. A única missão que me foi dada foi coordenar um trabalho ligado a passivos federais, que resultou na aprovação do Refis de 2000 [programa de refinanciamento de dívidas com a Receita Federal e com o INSS]. Depois, o poder da Fiesp se fechou num grupo de poucos -um grupo de lamentações. Piva preferiu se fechar em torno de outras pessoas, como o Claudio Vaz.

Folha - O que o leva a crer na vitória na disputa para a Fiesp?
Skaf
- Nossa chapa já tem o apoio de 71 sindicatos [num colégio de 122 votos]. Já temos mais da metade. Meu adversário disse que em sua listagem havia 80 sindicatos. Mas 25 são nomes repetidos, 8 não têm direito a voto e 7 ainda não se definiram. Portanto, a chapa de meu adversário tem apenas 40 votos.



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