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Entidade precisa deixar de ser
fonte de "lamentações", diz Skaf
MARCIO AITH
EDITOR DE DINHEIRO
Aos 48 anos, o empresário Paulo Skaf, presidente da Abit (Associação Brasileira da Indústria
Têxtil), pode ser o segundo candidato de oposição a vencer as eleições para a presidência da Fiesp.
Em entrevista à Folha, Skaf disse
que, sob seu comando, a entidade
deixaria de ser um foco de "lamentações" para "costurar um
projeto de poder político".
Folha - Qual é a relevância da
Fiesp no cenário atual?
Paulo Skaf - São Paulo concentra
40% do PIB industrial brasileiro.
Além disso, fica no Estado o comando de empresas com atividades em outras regiões do país e até
em outros países.
Folha - Existe a impressão de que
a entidade perdeu influência ao
longo dos anos.
Skaf - É possível recuperar o
prestígio da Fiesp. Pode-se costurar um projeto de poder político
para a entidade. Existem focos de
decisão e de poder, por exemplo,
no Ministério da Fazenda, na Receita, no Banco Central e no Congresso. A Fiesp tem de fazer um
trabalho antecipando-se aos fatos, para desatar os nós que prejudicam os empresários. É preciso
ter estreito relacionamento com
os poderes. Estamos na era da
parceria. Confronto só é necessário quando precisamos. Hoje, a
Fiesp não tem trânsito político.
Fica discutindo os assuntos apenas em teoria.
Folha - Existe uma percepção generalizada de que o sr. tem o apoio
do governo. É verdade?
Skaf - Você precisa perguntar isso ao governo federal. Não vou
achar ruim se alguém manifestar
simpatia pela minha candidatura.
O que tem de errado nisso?
Folha - Em quais aspectos sua
gestão seria diferente da atual?
Skaf - Entendo que a Fiesp deva
ter uma postura muito mais pró-ativa, para antecipar fatos e buscar resultados concretos. A Fiesp
não pode adotar um comportamento reativo. Não adianta só criticar, temos que levar soluções. O
presidente da Fiesp não pode ser
um comentarista econômico. Ele
tem que fazer com que a entidade
tenha poder político. Enquanto a
entidade foi crítica nesses últimos
anos, a carga tributária subiu de
20% para 40% e o prazo de pagamento de impostos encurtou. Enquanto a Fiesp foi crítica, os juros
permaneceram os mais altos do
mundo, isso sem contar os juros
de balcão, os créditos bancários.
Folha - Analistas dizem que as
presidências da Fiesp e do Ciesp deverão ser conquistadas por candidatos diferentes pela primeira vez
na história. Que impacto essa divisão teria na classe empresarial?
Skaf - Discordo desses analistas.
Acho que vamos ganhar as duas
eleições. Acho que a classe industrial tem que ficar unida. Precisamos manter a unidade.
Folha - O sr. se diz de oposição,
mas é vice-presidente da Fiesp na
atual gestão, de Horacio Lafer Piva.
Não é uma contradição?
Skaf - A Fiesp tem uma dúzia de
vices. Não sou o primeiro nem o
segundo. A única missão que me
foi dada foi coordenar um trabalho ligado a passivos federais, que
resultou na aprovação do Refis de
2000 [programa de refinanciamento de dívidas com a Receita
Federal e com o INSS]. Depois, o
poder da Fiesp se fechou num
grupo de poucos -um grupo de
lamentações. Piva preferiu se fechar em torno de outras pessoas,
como o Claudio Vaz.
Folha - O que o leva a crer na vitória na disputa para a Fiesp?
Skaf - Nossa chapa já tem o
apoio de 71 sindicatos [num colégio de 122 votos]. Já temos mais
da metade. Meu adversário disse
que em sua listagem havia 80 sindicatos. Mas 25 são nomes repetidos, 8 não têm direito a voto e 7
ainda não se definiram. Portanto,
a chapa de meu adversário tem
apenas 40 votos.
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