São Paulo, terça, 2 de setembro de 1997.



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ENTREVISTA
FHC afirma que coloca suas "mãos no fogo" pela lisura da votação
Presidente diz que compra de votos é 'questão menor'

da Sucursal de Brasília

O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem, em entrevista coletiva, que a venda de votos a favor da emenda da reeleição, revelada pela Folha em maio último, é "mera questão de política menor".
"Esse tema já não está gasto? Tantas vezes se levantou essa questão. Vai ver o que aconteceu. A reeleição foi aprovada por maioria imensa", afirmou FHC.
Indagado pela Folha se colocaria a mão no fogo, garantindo que não houve a compra de votos para a aprovação da emenda, FHC respondeu: "Posso garantir que as minhas mãos eu ponho no fogo". "Agora, como é que eu vou garantir a mão alheia? A minha mão eu ponho no fogo."
"Que se puna"
"Se houve algum caso efetivo, que se puna", disse. Em seguida, a Folha perguntou a FHC por que a base governista não apoiou a criação de Comissão Parlamentar de Inquérito para investigar o caso.
FHC respondeu que a decisão foi tomada na Câmara. "Se a Folha quiser encontrar outro caminho, encontre. Mas, eu não estou vendo nada de novo na matéria, se houver algo novo. O resto é um problema da Câmara, que faça isso, ou faça aquilo, puna do modo que for possível punir."
A Folha publicou conversas gravadas em que os ex-deputados Ronivon Santiago (AC) e João Maia (AC) afirmam que venderam seus votos por R$ 200 mil em troca do voto favorável à reeleição.
Em uma das conversas, Maia afirmava que o ministro Sérgio Motta (Comunicações) havia participado da compra dos votos.
A apuração do caso está a cargo da CCJ (Comissão de Constituição e Justiça). A comissão não tem poderes para convocar suspeitos e quebrar sigilo bancário. Até agora, a CCJ não apresentou nenhuma conclusão sobre o assunto.
O primeiro deputado escolhido pela CCJ para apurar o caso da venda de votos foi Almino Affonso (PSDB-SP). Ele renunciou à função afirmando que não teria poderes para investigar o caso.
Assumiu em seu lugar o deputado Nelson Otoch (PSDB-CE). A fase de depoimentos deve ser concluída amanhã (leia ao lado).



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