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ENTREVISTA
FHC afirma que coloca suas "mãos no fogo" pela lisura da votação
Presidente diz que compra
de votos é 'questão menor'
da Sucursal de Brasília
O presidente Fernando Henrique Cardoso afirmou ontem, em
entrevista coletiva, que a venda de
votos a favor da emenda da reeleição, revelada pela Folha em maio
último, é "mera questão de política menor".
"Esse tema já não está gasto?
Tantas vezes se levantou essa questão. Vai ver o que aconteceu. A reeleição foi aprovada por maioria
imensa", afirmou FHC.
Indagado pela Folha se colocaria
a mão no fogo, garantindo que não
houve a compra de votos para a
aprovação da emenda, FHC respondeu: "Posso garantir que as
minhas mãos eu ponho no fogo".
"Agora, como é que eu vou garantir a mão alheia? A minha mão eu
ponho no fogo."
"Que se puna"
"Se houve algum caso efetivo,
que se puna", disse. Em seguida, a
Folha perguntou a FHC por que a
base governista não apoiou a criação de Comissão Parlamentar de
Inquérito para investigar o caso.
FHC respondeu que a decisão foi
tomada na Câmara. "Se a Folha
quiser encontrar outro caminho,
encontre. Mas, eu não estou vendo
nada de novo na matéria, se houver algo novo. O resto é um problema da Câmara, que faça isso, ou
faça aquilo, puna do modo que for
possível punir."
A Folha publicou conversas gravadas em que os ex-deputados Ronivon Santiago (AC) e João Maia
(AC) afirmam que venderam seus
votos por R$ 200 mil em troca do
voto favorável à reeleição.
Em uma das conversas, Maia
afirmava que o ministro Sérgio
Motta (Comunicações) havia participado da compra dos votos.
A apuração do caso está a cargo
da CCJ (Comissão de Constituição
e Justiça). A comissão não tem poderes para convocar suspeitos e
quebrar sigilo bancário. Até agora,
a CCJ não apresentou nenhuma
conclusão sobre o assunto.
O primeiro deputado escolhido
pela CCJ para apurar o caso da
venda de votos foi Almino Affonso
(PSDB-SP). Ele renunciou à função afirmando que não teria poderes para investigar o caso.
Assumiu em seu lugar o deputado Nelson Otoch (PSDB-CE). A fase de depoimentos deve ser concluída amanhã (leia ao lado).
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