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Punidos pedem direito de defesa
DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA
DA SUCURSAL DO RIO
Os deputados federais do PT
punidos ontem pela Executiva
nacional do partido -porque se
abstiveram na votação da reforma
da Previdência- criticaram a
suspensão por 60 dias e afirmaram que não tiveram direito de
defesa. Os oito parlamentares se
reúnem hoje em Brasília para discutir meios de contestar a decisão.
A Folha conversou ontem com
sete dos oito deputados. Eles disseram que não pensam em deixar
a sigla. "A estrelinha [do PT] continua no peito", afirmou o deputado Chico Alencar. "Vejo [a decisão] com muito desgosto. Acho
que foi uma decisão pesada, porque [com ela] o PT está punindo
também a CUT e parte significativa dos acadêmicos que sempre
criticaram a reforma", disse.
Na mesma linha, o deputado
Ivan Valente (SP) afirmou que,
apesar de a decisão representar
uma "violência contra a história
do partido", não irá se intimidar.
Para Valente, a punição terá um
efeito contrário: ao invés de desencorajar os "rebeldes", será um
incentivo a uma mobilização
mais unida. "Somos parlamentares experientes, maduros, fundadores do PT. A punição estatutária não irá nos colocar em uma
posição defensiva", afirmou.
Líder da bancada petista em
2001, Walter Pinheiro (BA) disse
que as consequências da suspensão serão medidas no futuro. "A
porrada está dada. Mais à frente,
posso achar que devo me corrigir,
o que considero difícil. Ou quem
me aplicou a surra terá de reconhecer que a surra não deveria ter
sido dada." Pinheiro é o único dos
oito punidos que, além de se abster no primeiro turno da votação
da reforma, votou contra no segundo turno.
Paulo Rubem Santiago (PE) tachou a suspensão de "ato não-democrático" e "inaceitável" para
"um partido que sempre conviveu democraticamente com as diferenças". "Elegemos o governo e
temos o compromisso de defendê-lo, mas isso não significa perder nossa autonomia crítica."
Para João Alfredo Teles (CE), a
abstenção foi um gesto extremo,
"mas dentro dos marcos da disputa partidária". "A bancada do
PT não pode ser vista como base
de apoio automática. Tem de haver diálogo. Mas o governo Lula
tem demonstrado uma forte inclinação à direita", disse o deputado.
A deputada Maninha (DF) criticou o fato de os punidos não terem sido ouvidos pela Executiva
Nacional. "Não tivemos oportunidade de defesa. Fomos comunicados da decisão pela imprensa."
Mauro Passos (SC) buscou não
criar polêmica. Declarou que, por
ser uma decisão da instância superior da sigla, deve ser acatada.
Colaborou a Sucursal de Brasília
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