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São Paulo, terça-feira, 02 de setembro de 2003

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Punidos pedem direito de defesa

DA REPORTAGEM LOCAL
DA AGÊNCIA FOLHA
DA SUCURSAL DO RIO

Os deputados federais do PT punidos ontem pela Executiva nacional do partido -porque se abstiveram na votação da reforma da Previdência- criticaram a suspensão por 60 dias e afirmaram que não tiveram direito de defesa. Os oito parlamentares se reúnem hoje em Brasília para discutir meios de contestar a decisão.
A Folha conversou ontem com sete dos oito deputados. Eles disseram que não pensam em deixar a sigla. "A estrelinha [do PT] continua no peito", afirmou o deputado Chico Alencar. "Vejo [a decisão] com muito desgosto. Acho que foi uma decisão pesada, porque [com ela] o PT está punindo também a CUT e parte significativa dos acadêmicos que sempre criticaram a reforma", disse.
Na mesma linha, o deputado Ivan Valente (SP) afirmou que, apesar de a decisão representar uma "violência contra a história do partido", não irá se intimidar.
Para Valente, a punição terá um efeito contrário: ao invés de desencorajar os "rebeldes", será um incentivo a uma mobilização mais unida. "Somos parlamentares experientes, maduros, fundadores do PT. A punição estatutária não irá nos colocar em uma posição defensiva", afirmou.
Líder da bancada petista em 2001, Walter Pinheiro (BA) disse que as consequências da suspensão serão medidas no futuro. "A porrada está dada. Mais à frente, posso achar que devo me corrigir, o que considero difícil. Ou quem me aplicou a surra terá de reconhecer que a surra não deveria ter sido dada." Pinheiro é o único dos oito punidos que, além de se abster no primeiro turno da votação da reforma, votou contra no segundo turno.
Paulo Rubem Santiago (PE) tachou a suspensão de "ato não-democrático" e "inaceitável" para "um partido que sempre conviveu democraticamente com as diferenças". "Elegemos o governo e temos o compromisso de defendê-lo, mas isso não significa perder nossa autonomia crítica."
Para João Alfredo Teles (CE), a abstenção foi um gesto extremo, "mas dentro dos marcos da disputa partidária". "A bancada do PT não pode ser vista como base de apoio automática. Tem de haver diálogo. Mas o governo Lula tem demonstrado uma forte inclinação à direita", disse o deputado.
A deputada Maninha (DF) criticou o fato de os punidos não terem sido ouvidos pela Executiva Nacional. "Não tivemos oportunidade de defesa. Fomos comunicados da decisão pela imprensa."
Mauro Passos (SC) buscou não criar polêmica. Declarou que, por ser uma decisão da instância superior da sigla, deve ser acatada.


Colaborou a Sucursal de Brasília

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