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JUSTIÇA
Ministro do STF nega crise entre Poderes e elogia atual governo
Jobim critica as declarações de Corrêa contra Lula
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O ministro do STF (Supremo
Tribunal Federal) Nelson Jobim
criticou ontem a entrevista do
presidente do tribunal, Maurício
Corrêa, à revista "Veja" e disse
que os ataques do colega ao governo Luiz Inácio Lula da Silva
são "opiniões pessoais". Jobim
defendeu o presidente da República, que preferiu não responder
às críticas de Corrêa.
"Divirjo de forma absoluta das
opiniões dele sobre o governo Lula. O presidente está conduzindo
com responsabilidade e competência a coisa pública. Isso se reflete nas pesquisas de opinião."
Pesquisa do Datafolha publicada anteontem pela Folha revelou
que, oito meses após a posse, 45%
das pessoas consideram o governo Lula ótimo ou bom. Esse percentual era de 42% em junho.
Jobim negou que as críticas de
Corrêa possam provocar uma crise institucional entre o Executivo
e o Judiciário. "Não há crise entre
Poderes. O conteúdo da entrevista são opiniões pessoais, não da
corte [STF] ou da instituição [Justiça]", afirmou.
A Folha tentou ouvir outros ministros do Supremo sobre a entrevista do presidente do STF, mas
alguns se recusaram a comentar e
outros não foram encontrados.
Na condição de presidente do
STF, Corrêa é o principal representante do Poder Judiciário. Há
um mês, ele negociou com o governo e com os líderes da base
aliada mudanças na proposta de
reforma da Previdência que beneficiassem os juízes para evitar que
eles fizessem greve.
Na entrevista à "Veja", ele disse
que Lula viaja para o exterior mais
do que o seu antecessor, Fernando Henrique Cardoso, e que "comete certos impropérios", que
depois precisariam ser corrigidos
pelo ministro-chefe da Casa Civil,
José Dirceu. Também afirmou
que a concentração do poder de
contratar assessores nas mãos de
Dirceu representa "certa reminiscência "concentratória" do tipo
stalinista". De acordo com Corrêa, Dirceu e o ministro da Fazenda, Antonio Palocci Filho, estariam atuando como "czares", e
Lula oscilaria entre os dois.
Apesar de ter ficado contrariado
com as declarações de Corrêa e de
tê-lo criticado nos bastidores, Lula evitou responder ontem aos
ataques do presidente do STF.
Auxiliares aconselharam o presidente a evitar polêmica com Corrêa. Na avaliação de Lula e sua
equipe, Corrêa estaria retaliando
o governo por ter ficado, na reforma da Previdência, com a imagem de defender privilégios para
magistratura.
(SILVANA DE FREITAS)
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