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São Paulo, terça-feira, 02 de setembro de 2003

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GASTOS PÚBLICOS

Redução no consumo familiar permitiria aumento de investimentos

PPA prevê contenção do consumo

MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

O PPA (Plano Plurianual) para o período de 2004 a 2007, encaminhado pelo governo ao Congresso, prevê dois anos seguidos de aperto no consumo médio das famílias para garantir a expansão dos investimentos em ritmo mais acelerado do que o crescimento da economia.
A intenção do governo é permitir que os mais pobres -com renda até três salários mínimos- possam consumir um pouco mais, principalmente por meio de programas de transferência de renda, que vão garantir um benefício médio de R$ 83 por mês aos miseráveis (renda até R$ 50 por pessoa da família) e de R$ 26 para os demais pobres (com renda per capita entre R$ 50 e R$ 100).
Em compensação, o consumo das famílias com renda maior ficaria estagnado, segundo a previsão do governo. Ao consumir menos, avalia o governo, essas famílias tenderiam a poupar parte da renda, elevando a poupança interna e o montante disponível para investimentos.
Os economistas do governo chegaram à conclusão de que as contas fecham se o consumo das famílias crescer 3,2% e 3,5% em 2004 e 2005, respectivamente, contra um crescimento projetado do PIB (Produto Interno Bruto) de 3,5% e 4%. "Não se trata de nenhum cerceamento ao consumo das famílias. Não precisamos fazer nada além de dar renda às famílias mais pobres", diz José Carlos Miranda, assessor de política econômica do Ministério do Planejamento, responsável por detalhar o modelo de crescimento em que se baseia o governo.
Miranda observa que, em qualquer lugar do mundo, as famílias mais pobres têm maior propensão ao consumo. Por um motivo óbvio: elas não têm como poupar. Quem tem mais renda, porém, pode guardar uma parcela dos seus recursos. A intenção do governo é estimular isso.
Segundo o IBGE (Fundação Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), que acompanha desde 92 a variação do consumo das famílias, já houve dois trimestres seguidos de queda no consumo entre janeiro e junho deste ano. Antes disso, o consumo das famílias registrou uma pequena recuperação no segundo trimestre de 2002. O melhor desempenho da série aconteceu no final de 2000.
Assim como o consumo das famílias, o consumo do governo também deverá crescer menos que a economia. E por um período maior: até 2007, pelo menos.
As prioridades do PPA são aumentar investimentos e exportações, mantendo o equilíbrio das contas públicas.


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