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GASTOS PÚBLICOS
Redução no consumo familiar permitiria aumento de investimentos
PPA prevê contenção do consumo
MARTA SALOMON
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
O PPA (Plano Plurianual) para
o período de 2004 a 2007, encaminhado pelo governo ao Congresso, prevê dois anos seguidos de
aperto no consumo médio das famílias para garantir a expansão
dos investimentos em ritmo mais
acelerado do que o crescimento
da economia.
A intenção do governo é permitir que os mais pobres -com renda até três salários mínimos-
possam consumir um pouco
mais, principalmente por meio de
programas de transferência de
renda, que vão garantir um benefício médio de R$ 83 por mês aos
miseráveis (renda até R$ 50 por
pessoa da família) e de R$ 26 para
os demais pobres (com renda per
capita entre R$ 50 e R$ 100).
Em compensação, o consumo
das famílias com renda maior ficaria estagnado, segundo a previsão do governo. Ao consumir menos, avalia o governo, essas famílias tenderiam a poupar parte da
renda, elevando a poupança interna e o montante disponível para investimentos.
Os economistas do governo
chegaram à conclusão de que as
contas fecham se o consumo das
famílias crescer 3,2% e 3,5% em
2004 e 2005, respectivamente,
contra um crescimento projetado
do PIB (Produto Interno Bruto)
de 3,5% e 4%. "Não se trata de nenhum cerceamento ao consumo
das famílias. Não precisamos fazer nada além de dar renda às famílias mais pobres", diz José Carlos Miranda, assessor de política
econômica do Ministério do Planejamento, responsável por detalhar o modelo de crescimento em
que se baseia o governo.
Miranda observa que, em qualquer lugar do mundo, as famílias
mais pobres têm maior propensão ao consumo. Por um motivo
óbvio: elas não têm como poupar.
Quem tem mais renda, porém,
pode guardar uma parcela dos
seus recursos. A intenção do governo é estimular isso.
Segundo o IBGE (Fundação
Instituto Brasileiro de Geografia e
Estatística), que acompanha desde 92 a variação do consumo das
famílias, já houve dois trimestres
seguidos de queda no consumo
entre janeiro e junho deste ano.
Antes disso, o consumo das famílias registrou uma pequena recuperação no segundo trimestre de
2002. O melhor desempenho da
série aconteceu no final de 2000.
Assim como o consumo das famílias, o consumo do governo
também deverá crescer menos
que a economia. E por um período maior: até 2007, pelo menos.
As prioridades do PPA são aumentar investimentos e exportações, mantendo o equilíbrio das
contas públicas.
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