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ELEIÇÕES 2004/RAIO-X
Segundo TSE, 24,2% dos postulantes a prefeito e vereador não completaram o ensino fundamental; 4,9% dizem só saber ler e escrever
30% dos candidatos não terminaram 1º grau
RANIER BRAGON
ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Quase 30% dos 377 mil candidatos que disputarão as eleições municipais de outubro não têm o ensino fundamental completo. A
constatação é baseada na divulgação dos dados oficiais de registros
das candidaturas, números que
revelam ainda o crescimento do
total de aspirantes governistas às
prefeituras e às Câmaras Municipais, o que contrasta com o encolhimento dos oposicionistas.
As informações do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) mostram
que 24,2% dos 377 mil candidatos
a prefeito, vice ou a vereador declararam não ter completado o
ensino fundamental. Outros 4,9%
não possuem ensino formal, tendo declarado apenas saber "ler e
escrever". O TSE não informou,
até a conclusão desta edição,
quais os percentuais na eleição
municipal passada, em 2000.
"O perfil é o mesmo do eleitorado brasileiro e não mudou nas últimas décadas, não se pode esperar que uma população com baixa
escolaridade escolha representantes com alto grau de instrução",
avalia Octaciano Nogueira, professor de Ciência Política da UnB
(Universidade de Brasília). "É
uma questão de identificação."
Os que completaram o ensino
médio somam 27,4%. Apenas
15,8% dos candidatos têm diploma de curso superior. Entre os
pretendentes ao cargo de prefeito,
esse índice sobe para 42%.
Para o cientista político da UnB,
a culpa pela baixa escolaridade
também é dos partidos, que, "interessados no maior número possível de votos, não fazem uma escolha seletiva".
"Esse quadro mostra a popularização da elite política brasileira
nas cidades", afirma o cientista
político Jairo Nicolau, do Iuperj
(Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro).
Partidos
A divisão dos candidatos por
partido revela que legendas que
integram a base de sustentação
política de Luiz Inácio Lula da Silva vão lançar mais postulantes do
que em 2000, apesar de o TSE ter
reduzido em 14% o número de
vagas nas Câmaras Municipais.
O PT anunciou que lançaria cerca de 35 mil candidatos, mas o número oficial aponta para 37,4 mil
concorrentes. "Considerando que
lançamos 26 mil candidatos em
2000, e levando-se em conta a redução das vagas, o PT mostra um
crescimento significativo. É claro
que o fato de ser governo, e de o
governo estar indo bem, ajuda
muito", afirmou o presidente da
legenda, José Genoino.
Outros governistas que cresceram foram o PC do B -que mais
que duplicou o número de candidatos-, o PL, o PPS e o PSB. Já
PMDB, PTB e PP, que anunciavam crescimento de seus candidatos em relação às últimas eleições, tiveram queda.
Todos os oposicionistas encolheram o número de seus candidatos. Entre PSDB, PDT e PFL, a
redução mais significativa ficou
com os pefelistas, que caíram de
45 mil candidatos em 2000 para
34 mil este ano. "Quando se está
no governo, há mais oportunidades. O PSDB cresceu muito nos
oito anos [1995-2002] da administração de Fernando Henrique
Cardoso", comentou Octaciano
Nogueira, da UnB.
Gênero
O número geral dos candidatos
neste ano será menor do que em
2000 em mais de 5.000 postulantes. Naquele ano, foram 382 mil,
contra os atuais 377 mil.
Os pretendentes vão disputar
5.562 vagas para prefeito e 51.792
para vereador. Segundo o TSE,
praticamente 50% dos atuais prefeitos concorrem à reeleição.
Tocantins tem a maior relação
de candidatos por eleitor. São 150
aptos a votar por candidato. O Rio
tem a menor relação -681 eleitores por candidato.
O crescimento da participação
feminina nas candidaturas foi
baixo. Em 2000, elas eram 18,7%
dos concorrentes; neste ano serão
21,3%. Resolução do TSE indicava
que a participação das mulheres
deveria ser de pelo menos 30%.
"Qualquer incremento nessa participação é positivo, estamos mal
nesse quesito em relação a outras
democracias avançadas", afirmou
Nicolau, do Iuperj.
Em relação à idade, a maioria
dos candidatos (30,5 mil) está na
faixa etária que vai dos 45 aos 59
anos.
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