São Paulo, quinta-feira, 02 de setembro de 2004

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ELEIÇÕES 2004/RAIO-X

Segundo TSE, 24,2% dos postulantes a prefeito e vereador não completaram o ensino fundamental; 4,9% dizem só saber ler e escrever

30% dos candidatos não terminaram 1º grau

RANIER BRAGON
ANA FLOR
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

Quase 30% dos 377 mil candidatos que disputarão as eleições municipais de outubro não têm o ensino fundamental completo. A constatação é baseada na divulgação dos dados oficiais de registros das candidaturas, números que revelam ainda o crescimento do total de aspirantes governistas às prefeituras e às Câmaras Municipais, o que contrasta com o encolhimento dos oposicionistas.
As informações do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) mostram que 24,2% dos 377 mil candidatos a prefeito, vice ou a vereador declararam não ter completado o ensino fundamental. Outros 4,9% não possuem ensino formal, tendo declarado apenas saber "ler e escrever". O TSE não informou, até a conclusão desta edição, quais os percentuais na eleição municipal passada, em 2000.
"O perfil é o mesmo do eleitorado brasileiro e não mudou nas últimas décadas, não se pode esperar que uma população com baixa escolaridade escolha representantes com alto grau de instrução", avalia Octaciano Nogueira, professor de Ciência Política da UnB (Universidade de Brasília). "É uma questão de identificação."
Os que completaram o ensino médio somam 27,4%. Apenas 15,8% dos candidatos têm diploma de curso superior. Entre os pretendentes ao cargo de prefeito, esse índice sobe para 42%.
Para o cientista político da UnB, a culpa pela baixa escolaridade também é dos partidos, que, "interessados no maior número possível de votos, não fazem uma escolha seletiva".
"Esse quadro mostra a popularização da elite política brasileira nas cidades", afirma o cientista político Jairo Nicolau, do Iuperj (Instituto Universitário de Pesquisas do Rio de Janeiro).

Partidos
A divisão dos candidatos por partido revela que legendas que integram a base de sustentação política de Luiz Inácio Lula da Silva vão lançar mais postulantes do que em 2000, apesar de o TSE ter reduzido em 14% o número de vagas nas Câmaras Municipais.
O PT anunciou que lançaria cerca de 35 mil candidatos, mas o número oficial aponta para 37,4 mil concorrentes. "Considerando que lançamos 26 mil candidatos em 2000, e levando-se em conta a redução das vagas, o PT mostra um crescimento significativo. É claro que o fato de ser governo, e de o governo estar indo bem, ajuda muito", afirmou o presidente da legenda, José Genoino.
Outros governistas que cresceram foram o PC do B -que mais que duplicou o número de candidatos-, o PL, o PPS e o PSB. Já PMDB, PTB e PP, que anunciavam crescimento de seus candidatos em relação às últimas eleições, tiveram queda.
Todos os oposicionistas encolheram o número de seus candidatos. Entre PSDB, PDT e PFL, a redução mais significativa ficou com os pefelistas, que caíram de 45 mil candidatos em 2000 para 34 mil este ano. "Quando se está no governo, há mais oportunidades. O PSDB cresceu muito nos oito anos [1995-2002] da administração de Fernando Henrique Cardoso", comentou Octaciano Nogueira, da UnB.

Gênero
O número geral dos candidatos neste ano será menor do que em 2000 em mais de 5.000 postulantes. Naquele ano, foram 382 mil, contra os atuais 377 mil.
Os pretendentes vão disputar 5.562 vagas para prefeito e 51.792 para vereador. Segundo o TSE, praticamente 50% dos atuais prefeitos concorrem à reeleição.
Tocantins tem a maior relação de candidatos por eleitor. São 150 aptos a votar por candidato. O Rio tem a menor relação -681 eleitores por candidato.
O crescimento da participação feminina nas candidaturas foi baixo. Em 2000, elas eram 18,7% dos concorrentes; neste ano serão 21,3%. Resolução do TSE indicava que a participação das mulheres deveria ser de pelo menos 30%. "Qualquer incremento nessa participação é positivo, estamos mal nesse quesito em relação a outras democracias avançadas", afirmou Nicolau, do Iuperj.
Em relação à idade, a maioria dos candidatos (30,5 mil) está na faixa etária que vai dos 45 aos 59 anos.


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