São Paulo, sexta-feira, 02 de setembro de 2005

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PFL e PMDB ensaiam aproximação para 2006

DO PAINEL, EM BRASÍLIA

O prefeito do Rio de Janeiro, Cesar Maia, disse ontem que o PSDB "não é um ator relevante" na superação da atual crise política. Maia fez a declaração para justificar a aproximação entre PFL e PMDB, ensaiada ontem em almoço promovido pelo senador Marco Maciel (PFL-PE) para o governador de Pernambuco, Jarbas Vasconcelos (PMDB).
Para o prefeito, os tucanos "estão muito ocupados" decidindo quem deles vai ser "nomeado" presidente da República. Por isso, não estariam interessados em discutir o "desfecho" das investigações das CPIs e as mudanças nas regras eleitorais que estão em debate no Congresso.
A reunião de ontem deveria ser uma primeira aproximação institucional entre PFL e PMDB, partidos que se afastaram desde que o contencioso entre Antonio Carlos Magalhães (PFL-BA) e Jader Barbalho (PMDB-PA) teve a conseqüência prática de implodir a aliança de sustentação do governo Fernando Henrique Cardoso, entre 2000 e 2001.
A Folha apurou que o plano foi frustrado pelas pressões internas do PMDB, partido dividido entre um grupo que apóia o governo e o oposicionista -e, entre os oposicionistas, também fragmentado entre os partidários do ex-governador Anthony Garotinho e os contrários à sua pré-candidatura.
Até a noite da véspera do almoço oferecido por Maciel, o presidente do PMDB, Michel Temer (SP), havia confirmado sua presença no evento. Apenas às 20h de quarta Temer avisou que não julgava adequado comparecer.
As pressões contra a ida de Temer partiram tanto de aliados de Garotinho quanto dos demais postulantes à candidatura presidencial do partido. Como o PFL lançou a pré-candidatura de Cesar Maia, adversário do ex-governador do Rio, seus aliados achavam que a aproximação das legendas demonstraria uma tentativa de enfraquecer Garotinho.
Para o PFL, o aceno ao PMDB funciona como uma tentativa de se fortalecer na negociação com os tucanos com vista à eleição do ano que vem. Para Cesar Maia, os tucanos têm "certeza" de que, qualquer um dos pré-candidatos tucanos que saia vencedor na disputa interna será eleito. Por isso, "PMDB e PFL, os dois partidos que são os maiores do Brasil, depois do PT, devem discutir".
A cúpula pefelista trabalha com um cenário em que os três partidos que foram a base dos dois governos de FHC estarão juntos novamente em 2007, ainda que o PMDB permaneça no governo Lula até o ano que vem. "Com Lula disputando a reeleição, não é impossível que tenhamos dois candidatos do campo do centro renovador no segundo turno", aposta o presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC).
Ele diz que, no atual cenário, a maior probabilidade é que PSDB, PMDB e PFL tenham candidatos próprios na primeira fase da disputa, mas negociem depois. Bornhausen disse que essa aliança no segundo turno poderá ser feita independentemente de quem sejam os candidatos. (VM)


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