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Delfim Netto troca o PP pelo PMDB
VERA MAGALHÃES
DO PAINEL, EM BRASÍLIA
A temporada de troca-troca
partidário, prevista para setembro, começou. O deputado federal
Delfim Netto (SP) deve anunciar
formalmente hoje a sua decisão
de trocar o PP pelo PMDB.
A saída de Delfim do partido
vem sendo negociada há semanas. Ele chegou a receber convites
do PTB e do PFL, mas optou pelo
PMDB por conta de questões da
política paulista. Assim como o
ex-ministro, um dos quadros
mais respeitados do PP, outros
deputados devem deixar o partido de Severino Cavalcanti (PE).
Ontem, o PFL reuniu sua cúpula
em Brasília para anunciar, com
pompa, a filiação de Pratini de
Moraes, ex-ministro da Agricultura do governo Fernando Henrique Cardoso, também ex-PP.
Nas próximas semanas, Ivan
Ranzolin (SC) também deve ir para o PFL. Outros que estudam
convites para mudar de sigla são
Ricardo Barros (PR) e Francisco
Turra (RS). Barros, ex-líder do
governo FHC, deve se reunir com
o ex-presidente nos próximos
dias para discutir seu futuro.
O "passe" de Delfim Netto foi
disputado por vários partidos antes da definição pelo PMDB. Pelo
PFL, quem comandou as conversas foi o vice-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. O deputado
estadual Campos Machado estava
fazendo uma negociação para levar para o PTB não só Delfim mas
também o ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf.
A princípio, Delfim e Maluf pretendiam tomar uma decisão conjunta sobre o seu destino político,
mas o deputado acabou fechando
com o PMDB, onde a entrada de
Maluf é vetada pelo ex-governador paulista Orestes Quércia, seu
adversário histórico.
Na próxima segunda, Campos
Machado tem um café da manhã
marcado com Maluf e Delfim. A
ida do ex-prefeito divide o PTB: é
defendida pelo próprio Machado
e por uma pequena ala da bancada federal, puxada pelo deputado
Arnaldo Faria de Sá. Já o grupo liderado pelo ex-governador Luiz
Antonio Fleury Filho rechaça a filiação de Maluf.
Fuga da base
O êxodo de parlamentares e de
lideranças políticas deve atingir
principalmente os partidos da base aliada envolvidos nas investigações do "mensalão". Além de PP,
devem sofrer baixas PL, PTB e o
PT, cujas saídas começarão a ser
deflagradas depois das eleições
diretas marcadas para setembro.
Além disso, dez deputados dos
513 da Câmara dos Deputados estão sem partido.
O PFL espera aumentar sua
bancada dos atuais 58 para entre
66 e 68 deputados, fenômeno inverso ao encolhimento que sofreu
logo após as eleições de 2002,
quando elegeu 88 deputados, mas
perdeu quadros para partidos
aliados ao presidente Luiz Inácio
Lula da Silva.
O presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), diz que o partido
será rigoroso na análise dos pedidos de filiação. Graças ao novo estatuto pefelista, deputados que
deixaram a sigla rumo à base aliada deverão passar pelo crivo da
Executiva se quiserem voltar.
A filiação de Pratini de Moraes,
apresentado por Bornhausen como "um quadro qualificado para
assumir qualquer cargo público",
faz parte da busca do PFL por pessoas notáveis em várias áreas. "O
"mensalão" fez uma purificação
nos nossos quadros. Agora, vamos fazer um trabalho de fôlego
para filiar pessoas que qualifiquem os nossos quadros."
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