São Paulo, sexta-feira, 02 de setembro de 2005

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

Delfim Netto troca o PP pelo PMDB

VERA MAGALHÃES
DO PAINEL, EM BRASÍLIA

A temporada de troca-troca partidário, prevista para setembro, começou. O deputado federal Delfim Netto (SP) deve anunciar formalmente hoje a sua decisão de trocar o PP pelo PMDB.
A saída de Delfim do partido vem sendo negociada há semanas. Ele chegou a receber convites do PTB e do PFL, mas optou pelo PMDB por conta de questões da política paulista. Assim como o ex-ministro, um dos quadros mais respeitados do PP, outros deputados devem deixar o partido de Severino Cavalcanti (PE).
Ontem, o PFL reuniu sua cúpula em Brasília para anunciar, com pompa, a filiação de Pratini de Moraes, ex-ministro da Agricultura do governo Fernando Henrique Cardoso, também ex-PP.
Nas próximas semanas, Ivan Ranzolin (SC) também deve ir para o PFL. Outros que estudam convites para mudar de sigla são Ricardo Barros (PR) e Francisco Turra (RS). Barros, ex-líder do governo FHC, deve se reunir com o ex-presidente nos próximos dias para discutir seu futuro.
O "passe" de Delfim Netto foi disputado por vários partidos antes da definição pelo PMDB. Pelo PFL, quem comandou as conversas foi o vice-prefeito de São Paulo, Gilberto Kassab. O deputado estadual Campos Machado estava fazendo uma negociação para levar para o PTB não só Delfim mas também o ex-prefeito de São Paulo Paulo Maluf.
A princípio, Delfim e Maluf pretendiam tomar uma decisão conjunta sobre o seu destino político, mas o deputado acabou fechando com o PMDB, onde a entrada de Maluf é vetada pelo ex-governador paulista Orestes Quércia, seu adversário histórico.
Na próxima segunda, Campos Machado tem um café da manhã marcado com Maluf e Delfim. A ida do ex-prefeito divide o PTB: é defendida pelo próprio Machado e por uma pequena ala da bancada federal, puxada pelo deputado Arnaldo Faria de Sá. Já o grupo liderado pelo ex-governador Luiz Antonio Fleury Filho rechaça a filiação de Maluf.

Fuga da base
O êxodo de parlamentares e de lideranças políticas deve atingir principalmente os partidos da base aliada envolvidos nas investigações do "mensalão". Além de PP, devem sofrer baixas PL, PTB e o PT, cujas saídas começarão a ser deflagradas depois das eleições diretas marcadas para setembro. Além disso, dez deputados dos 513 da Câmara dos Deputados estão sem partido.
O PFL espera aumentar sua bancada dos atuais 58 para entre 66 e 68 deputados, fenômeno inverso ao encolhimento que sofreu logo após as eleições de 2002, quando elegeu 88 deputados, mas perdeu quadros para partidos aliados ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva.
O presidente do PFL, Jorge Bornhausen (SC), diz que o partido será rigoroso na análise dos pedidos de filiação. Graças ao novo estatuto pefelista, deputados que deixaram a sigla rumo à base aliada deverão passar pelo crivo da Executiva se quiserem voltar.
A filiação de Pratini de Moraes, apresentado por Bornhausen como "um quadro qualificado para assumir qualquer cargo público", faz parte da busca do PFL por pessoas notáveis em várias áreas. "O "mensalão" fez uma purificação nos nossos quadros. Agora, vamos fazer um trabalho de fôlego para filiar pessoas que qualifiquem os nossos quadros."


Texto Anterior: Tarso elogia Berzoini, mas evita apoiá-lo
Próximo Texto: PFL e PMDB ensaiam aproximação para 2006
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.