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Renan descarta "acobertamento"
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
Sem citar nomes, o presidente
do Congresso, senador Renan Calheiros (PMDB-AL), voltou ontem a dizer que as denúncias de
irregularidades envolvendo parlamentares não serão acobertadas
e não há espaço para "pizzaiolo".
Para ele, que participou da abertura do Fórum Nacional, ninguém pode "se sentir fora do alcance das investigações".
Nesta semana, em entrevista à
Folha, o presidente da Câmara,
Severino Cavalcanti (PP-PE), defendeu penas brandas para deputados que fizeram uso de caixa
dois. "Não há no Congresso Nacional espaço para acobertamento. Quem estiver pensando que
pode ser pizzaiolo, que vai maquinar acobertamentos, que fará manobras para que deixemos de esclarecer, está redondamente enganado", disse Renan em sua fala
no painel "Modernização e Fortalecimento das Instituições".
Segundo ele, as investigações
precisam avançar rapidamente.
"O futuro do país e das instituições depende de que avancemos
nas investigações e tenhamos resultados rápidos e exemplares."
Enquanto falava dos projetos
que vêm sendo discutidos e aprovados no Congresso, Renan citou
o que ele próprio chamou de excessivo uso de medidas provisórias pelo Executivo. Acabou ouvindo do presidente do STF (Supremo Tribunal Federal), ministro Nelson Jobim, que o Congresso também tem responsabilidade
por esse excesso.
"Quanto de responsabilidade
no processo emergente de edições
de medidas provisórias decorre
da incapacidade do Congresso de
produzir decisões consistentes?",
questionou Jobim, que discursou
logo após Renan.
O presidente do Supremo lembrou quando ainda era parlamentar, e o PMDB, partido do qual Jobim fazia parte, deixava que o governo reeditasse MPs relacionadas a planos econômicos.
"Quantas vezes não dissemos
"não vamos converter essa MP
porque nos servirá de mecanismo
de barganha perante decisões do
governo'?", voltou a questionar. E
fez uma espécie de mea-culpa:
"Muitas vezes, a não-conversão
de MPs, que levava à reedição sucessiva, decorria de decisão política da qual eu participei".
Jobim fez ainda uma defesa do
Executivo. "Para examinarmos a
questão da medida provisória,
precisamos examinar também o
nível de aproveitamento político
dos partidos no que diz respeito à
relação com o Executivo".
Renan disse que o Senado criou
recentemente uma comissão para
revisar a edição de MPs. Jobim citou a "falta de hegemonia política
dentro do Congresso", que acaba
gerando uma ambigüidade na
produção legislativa, transferindo
ao Judiciário "uma espécie de poder legislativo supletivo".
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