São Paulo, sexta-feira, 02 de setembro de 2005

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GRITO DOS EXCLUÍDOS

Stedile critica política econômica, mas descarta ir às ruas propor "Fora, Lula"

MARCELO SALINAS
DA REDAÇÃO

No Grito dos Excluídos deste ano, as denúncias de corrupção que envolvem o governo Luiz Inácio Lula da Silva não motivarão os principais protestos. O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do Brasil) e os movimentos sociais participantes do evento elegeram a política econômica como o primeiro alvo da "gritaria".
"Achamos inoperante voltar às ruas, como alguns setores de esquerda estão propondo: ou levantando o "Fora, Lula" ou levantando o "Fica, Lula", afirmou ontem João Pedro Stedile, coordenador nacional do MST, durante a divulgação do 11º Grito dos Excluídos, que acontece dia 6 e 7 deste mês em diversas cidades do país.
"O foco da gritaria é exigir mudanças na política econômica do governo porque a nossa avaliação é que os problemas que o povo enfrenta são conseqüência da manutenção do modelo econômico neoliberal, que o governo Lula não teve coragem de mudar."
Uma situação bem diferente da vivenciada em 1999. No então governo de Fernando Henrique Cardoso, o MST aproveitou a edição do Grito dos Excluídos para defender o fechamento do Congresso e a saída do presidente. Hoje, seis anos depois, o MST faz a Lula críticas parecidas às que fazia ao seu antecessor, mas rejeita o "Fora Lula".
Apesar de ter endossado o "Fora, FHC" na época, Stedile entende hoje que esse tipo de protesto não muda a vida das pessoas. "Temos de voltar às ruas, mas para resolver os problemas concretos do povo, que é exigir emprego, reforma agrária, melhores salários e mais verba para construção de moradia popular. Queremos que o povo lute, mas por causas que o façam melhorar de vida. Senão, vai ser manipulado de novo. (...) Chega a ser ridículo o governo vetar o mínimo de R$ 380 que a direita deu de bandeja", afirma.
Na "Marcha dos 100 mil", que antecedeu ao Grito dos Excluídos em 1999, Lula elogiou a capacidade de mobilização da sociedade: "Que FHC e sua corja nunca mais ousem duvidar da capacidade de organização da sociedade".
No mesmo evento, em frente ao Congresso Nacional, Lula afirmou: "Temos de fazer milhares de movimentos como esse até tirar essa gente do poder".


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