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GRITO DOS EXCLUÍDOS
Stedile critica política econômica, mas descarta ir às ruas propor "Fora, Lula"
MARCELO SALINAS
DA REDAÇÃO
No Grito dos Excluídos deste
ano, as denúncias de corrupção
que envolvem o governo Luiz Inácio Lula da Silva não motivarão os
principais protestos. O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra), a CNBB (Conferência Nacional dos Bispos do
Brasil) e os movimentos sociais
participantes do evento elegeram
a política econômica como o primeiro alvo da "gritaria".
"Achamos inoperante voltar às
ruas, como alguns setores de esquerda estão propondo: ou levantando o "Fora, Lula" ou levantando o "Fica, Lula", afirmou ontem
João Pedro Stedile, coordenador
nacional do MST, durante a divulgação do 11º Grito dos Excluídos,
que acontece dia 6 e 7 deste mês
em diversas cidades do país.
"O foco da gritaria é exigir mudanças na política econômica do
governo porque a nossa avaliação
é que os problemas que o povo
enfrenta são conseqüência da manutenção do modelo econômico
neoliberal, que o governo Lula
não teve coragem de mudar."
Uma situação bem diferente da
vivenciada em 1999. No então governo de Fernando Henrique
Cardoso, o MST aproveitou a edição do Grito dos Excluídos para
defender o fechamento do Congresso e a saída do presidente.
Hoje, seis anos depois, o MST faz
a Lula críticas parecidas às que fazia ao seu antecessor, mas rejeita
o "Fora Lula".
Apesar de ter endossado o "Fora, FHC" na época, Stedile entende hoje que esse tipo de protesto
não muda a vida das pessoas. "Temos de voltar às ruas, mas para
resolver os problemas concretos
do povo, que é exigir emprego, reforma agrária, melhores salários e
mais verba para construção de
moradia popular. Queremos que
o povo lute, mas por causas que o
façam melhorar de vida. Senão,
vai ser manipulado de novo. (...)
Chega a ser ridículo o governo vetar o mínimo de R$ 380 que a direita deu de bandeja", afirma.
Na "Marcha dos 100 mil", que
antecedeu ao Grito dos Excluídos
em 1999, Lula elogiou a capacidade de mobilização da sociedade:
"Que FHC e sua corja nunca mais
ousem duvidar da capacidade de
organização da sociedade".
No mesmo evento, em frente ao
Congresso Nacional, Lula afirmou: "Temos de fazer milhares
de movimentos como esse até tirar essa gente do poder".
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