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OPINIÃO
Lugar no STF vale a disputa
WALTER CENEVIVA
COLUNISTA DA FOLHA
APESAR DO pouco tempo de permanência no
STF (Supremo Tribunal Federal), o ministro Carlos
Alberto Menezes Direito terá
sua morte especialmente sentida, dada a contribuição que deu
aos debates e aos julgamentos
nos dois anos que completaria
na corte no próximo dia 5.
Abriu-se a vaga e o mundo jurídico cumpre o ritual da substituição, em que, desde logo, surgem muitos candidatos a um
único lugar.
A agitação das previsões e das
candidaturas traz a circunstância de que a roda da história reservou ao presidente Lula o
destino de substituir a maior
parte dos membros do STF, que
pode ultrapassar 70%, quando
Eros Grau for atingido pela
aposentadoria compulsória em
agosto de 2010.
Embora o interesse maior seja o de acompanhar (com seus
boatos, defesas ardorosas e críticas azedas) os bastidores das
disputas pela preferência do
chefe do Executivo, os segmentos da advocacia, do Ministério
Público, da magistratura e mesmo setores religiosos, de grandes grupos econômicos, entre
outros, estimulam a propaganda discreta ou explícita das
qualidades de seus preferidos.
A regra é a de fazer, no Palácio
do Planalto o rol (geralmente
referido como "grade") dos
candidatos, já reduzido, apto
para que o presidente da República escolha, um nome, ou
mesmo nenhum, caso em que
se reabra a disputa. O ministro
é nomeado depois de aprovado
pela maioria absoluta do Senado Federal, ou seja, a metade
mais um de todos os senadores.
Normalmente a aprovação é
ato formal, pois o nomeado
passa pelo pente fino da seleção
antes da escolha final.
Menezes Direito foi caracterizado pela formação universitária, cultural e política no Rio
de Janeiro, embora paraense
de nascimento. Eros Grau é
gaúcho, mas com vivência universitária e profissional em São
Paulo. Verifica-se que o lugar
de nascimento não é indício relevante, o que se confirma com
os nomeados pelo atual presidente da República, ele mesmo
um pernambucano criado em
São Paulo. Dos nomeados por
Lula, Cármen Lúcia é mineira,
Lewandowski é nascido no Rio
de Janeiro, mas sua formação
cultural e universitária é paulista e Eros, como se viu, gaúcho. O mineiro Joaquim Barbosa e o sergipano Carlos Ayres
Britto completam a lista.
Não há, por ora, indício sobre
a qualificação preferida para
um futuro ministro. As alterações legislativas nacionais, as
questões internacionais, os temas financeiros e tributários
podem gerar novas candidaturas. Por ora, porém, a tentativa
de previsão ainda exige cautela.
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