LUIZ FRANCISCO
da Agência Folha, em Recife

Dividido, o clero de Pernambuco vai celebrar duas missas hoje para marcar o sétimo dia da morte do arcebispo emérito de Olinda e Recife, dom Hélder Câmara.
O arcebispo morreu na noite da última sexta-feira, aos 90 anos, de insuficiência respiratória aguda.
A Arquidiocese de Recife e Olinda convidou o cardeal dom Eugênio Sales (RJ) para celebrar a missa oficial, às 19h30, na igreja da Sé, em Olinda (região metropolitana de Recife), onde dom Hélder foi enterrado sábado.
Dom Eugênio e dom José Cardoso Sobrinho, atual arcebispo de Recife e Olinda, integram a chamada ala "conservadora" da igreja e se opunham às idéias de dom Hélder.
Quando assumiu a arquidiocese, em 1987, dois anos após a aposentadoria de dom Hélder, dom José afastou 30 padres ligados ao seu antecessor, extinguiu a Comissão de Justiça e Paz e fechou um seminário e um instituto de teologia criados por ele.
Os atos foram considerados uma espécie de ""intervenção" no trabalho desenvolvido por dom Hélder.
O clero ""progressista", a quem o arcebispo emérito era ligado ideologicamente, marcou para as 17h, na igreja das Fronteiras, outra missa para reverenciar sua memória. A celebração será feita pelo padre João Pubben.
Dom Hélder morava ao lado desse templo, onde passou cerca de 30 anos de sua vida religiosa.
Ao convidar dom Eugênio Sales para a missa oficial, a Arquidiocese de Olinda e Recife manteve a mesma postura adotada durante as homenagens fúnebres ao arcebispo emérito.
Dom José Cardoso Sobrinho não participou das missas de corpo presente celebradas na igreja das Fronteiras. Esteve no local por apenas 15 minutos.


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