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IGREJA
João Paulo 2º pedirá a FHC fim da regulamentação da lei que permite interrupção de gravidez
Papa condenará aborto, pílula e o
divórcio em sua visita ao Brasil
do enviado especial a Roma
O papa João Paulo 2º repetirá em
sua viagem ao Brasil dogmas da
Igreja que os católicos das duas
principais cidades brasileiras gos
tariam de ver amenizados.
"Os principais temas da visita do
papa ao Brasil serão o aborto, o di
vórcio e os anticoncepcionais",
disse ontem o porta-voz do Vatica
no, o espanhol Joaquín Navar
ro-Valls. São questões que, para o
papa, põem em risco a integridade
da família.
De acordo com pesquisa Datafo
lha realizada com frequentadores
de missas em igrejas de São Paulo e
do Rio de Janeiro, a grande maio
ria dos chamados católicos "prati
cantes" apóia o uso da camisinha
para evitar a gravidez.
João Paulo 2º é um defensor in
condicional de que "todo ato ma
trimonial deve ficar aberto à trans
missão da vida".
Quanto ao divórcio, apesar de
não estar contemplado na última
pesquisa Datafolha, é um tema que
não causa mais polêmica no Brasil.
Para o papa, porém, a unidade e
indissolubilidade são não somente
uma característica, mas a essência
do matrimônio, como diz o car
deal Alfonso López Trujillo no do
cumento de preparação do 2º En
contro Mundial do Papa com as
Famílias.
A maioria dos católicos paulista
nos e cariocas (64%) defende ain
da, segundo a pesquisa Datafolha,
a união de casais fora do matrimô
nio na Igreja.
Essa posição é inconcebível para
o papa, já que o casamento con
tém, para a doutrina católica, um
mistério, o da união de dois corpos
em um. É um "vínculo estabeleci
do por Deus", diz o catecismo da
Igreja Católica preparado por João
Paulo 2º. E diz ainda que a família
tem o matrimônio como "ele
mento essencial".
Um dogma que o papa reiterará,
e que tem a aceitação dos católicos
brasileiros (70%), é a proibição do
aborto em qualquer circunstância.
"O aborto não é uma questão fe
chada, é uma questão aberta, sem
solução", afirmou Navarro-Valls.
Isso porque, segundo ele, "não
se pode permitir que um direito
humano, o da mulher dispor de
seu corpo, apague todos os direi
tos humanos do outro lado".
Por isso, ele assinala, o aborto
não é considerado, mesmo nos
países que o permitem, um direito
humano, mas sim uma prática
despenalizada.
O papa deverá pedir ao presiden
te FHC que seja abandonada a re
gulamentação da lei do aborto le
gal, que tramita no Congresso.
Segundo Navarro-Valls, o abor
to será tema de mais de um discur
so do papa, crítico feroz do que
chama de "a mentalidade contra a
vida" da sociedade moderna.
(HuSa)
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