São Paulo, quinta, 2 de outubro de 1997.



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IGREJA
João Paulo 2º pedirá a FHC fim da regulamentação da lei que permite interrupção de gravidez
Papa condenará aborto, pílula e o divórcio em sua visita ao Brasil

do enviado especial a Roma

O papa João Paulo 2º repetirá em sua viagem ao Brasil dogmas da Igreja que os católicos das duas principais cidades brasileiras gos tariam de ver amenizados.
"Os principais temas da visita do papa ao Brasil serão o aborto, o di vórcio e os anticoncepcionais", disse ontem o porta-voz do Vatica no, o espanhol Joaquín Navar ro-Valls. São questões que, para o papa, põem em risco a integridade da família.
De acordo com pesquisa Datafo lha realizada com frequentadores de missas em igrejas de São Paulo e do Rio de Janeiro, a grande maio ria dos chamados católicos "prati cantes" apóia o uso da camisinha para evitar a gravidez.
João Paulo 2º é um defensor in condicional de que "todo ato ma trimonial deve ficar aberto à trans missão da vida".
Quanto ao divórcio, apesar de não estar contemplado na última pesquisa Datafolha, é um tema que não causa mais polêmica no Brasil.
Para o papa, porém, a unidade e indissolubilidade são não somente uma característica, mas a essência do matrimônio, como diz o car deal Alfonso López Trujillo no do cumento de preparação do 2º En contro Mundial do Papa com as Famílias.
A maioria dos católicos paulista nos e cariocas (64%) defende ain da, segundo a pesquisa Datafolha, a união de casais fora do matrimô nio na Igreja.
Essa posição é inconcebível para o papa, já que o casamento con tém, para a doutrina católica, um mistério, o da união de dois corpos em um. É um "vínculo estabeleci do por Deus", diz o catecismo da Igreja Católica preparado por João Paulo 2º. E diz ainda que a família tem o matrimônio como "ele mento essencial".
Um dogma que o papa reiterará, e que tem a aceitação dos católicos brasileiros (70%), é a proibição do aborto em qualquer circunstância.
"O aborto não é uma questão fe chada, é uma questão aberta, sem solução", afirmou Navarro-Valls.
Isso porque, segundo ele, "não se pode permitir que um direito humano, o da mulher dispor de seu corpo, apague todos os direi tos humanos do outro lado".
Por isso, ele assinala, o aborto não é considerado, mesmo nos países que o permitem, um direito humano, mas sim uma prática despenalizada.
O papa deverá pedir ao presiden te FHC que seja abandonada a re gulamentação da lei do aborto le gal, que tramita no Congresso.
Segundo Navarro-Valls, o abor to será tema de mais de um discur so do papa, crítico feroz do que chama de "a mentalidade contra a vida" da sociedade moderna. (HuSa)


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