São Paulo, quarta-feira, 02 de outubro de 2002

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PRESIDENTE

Nos últimos dias de campanha, candidatos promovem "arrastão", distribuem 11 "colas" por eleitor e trocam o horário gratuito na TV pela propaganda nas ruas

Reta final

R.R.Rufino/'Jornal de Londrina'
Em Londrina, urnas eletrônicas que serão utilizadas pelo Tribunal Regional Eleitoral do Paraná nas eleições do próximo domingo


GABRIELA ATHIAS
DA REPORTAGEM LOCAL

ANDRÉA MICHAEL
EM SÃO PAULO

As capitais brasileiras vão viver um clima de "arrastão eleitoral" -uma boca-de-urna prolongada que começou ontem e será intensificada durante a semana com caminhadas, bandeiradas e distribuição de panfletos.
Para ter idéia do porte desse "arrastão", os quatro presidenciáveis afirmam que vão distribuir no dia da eleição 1,3 bilhão de cédulas com o número dos candidatos, uma média de 11 por eleitor.
Só o senador José Sarney (PMDB-AP) doará à campanha do petista Luiz Inácio Lula da Silva, líder nas pesquisas, 10 milhões dessas "colinhas" para serem distribuídas no Maranhão. O senador Roberto Requião (PMDB-PR), candidato ao governo do Paraná, também fará o mesmo, associando seu número ao de Lula.
O ritmo do "arrastão" é ditado pela temperatura da disputa à Presidência. "Estamos trabalhando para vencer no primeiro turno", diz Delúbio Soares, tesoureiro da campanha de Lula. "Não temos dúvidas de que estaremos no segundo turno", afirma Pimenta da Veiga, coordenador-geral da campanha de Serra.
Os quatro candidatos informam que colocarão na rua 8 milhões de pessoas, munidas de bonés, camisetas, panfletos, bandeiras e, principalmente, de "cédulas" com números de candidatos.
Usando o padrão de dois "boqueiros" por local de votação (com diária de R$ 25, incluindo o lanche), seria necessário gastar R$ 59 mil só para tê-los na capital paulista; R$ 312 mil no Estado e R$ 4,2 milhões para cobrir os 85.633 locais de votação do país. Mas os partidos afirmam que seus militantes são voluntários.
Os adereços que os tucanos dizem que vão colocar nas ruas - 600 mil, camisetas e igual quantidade de bonés e bandeiras de plástico- custam cerca de R$ 2 milhões. Os petistas vão gastar o mesmo com 10 mil faixas plásticas que "enfeitarão" residências e vilas e com 3 mil bandeiras de "algodão bom", que serão usadas nas caminhadas e comícios finais.
A lei eleitoral proíbe, no dia da eleição, o uso de alto-falantes e a distribuição de material de propaganda. Não há menção ao uso de camisetas, bandeiras ou bonés no dia, quesitos nos quais os candidatos planejam investir.
Um dos poucos consensos dessa reta final é intensificar o "arrastão" em São Paulo, Rio de Janeiro e Minas Gerais, os maiores colégios eleitorais do país.
O PT diz contar com 700 mil militantes. No domingo, o partido contabiliza uma ajuda extra de 2 milhões do que chamam de "colaboradores anônimos"- gente que só comparece no dia da eleição para pegar material e planfletar nos pontos de votação.
Já o PSDB informa que leva às ruas 700 mil militantes desde o início desta semana. É esse pessoal que até o último momento vai pedir votos a Serra.
Francisco Almeida, representante do PPS na Frente Trabalhista de Ciro Gomes, contabiliza em 400 mil o número de militantes que irão às ruas pedir votos.
Os parcos recursos disponíveis na campanha de Garotinho não são empecilho para que ele seja o mais otimista com os números: sua assessoria diz contar com 5 milhões de militantes, arrebanhados entre os evangélicos cadastrados ainda no início da campanha.
O número real de votos necessários para Lula vencer no primeiro turno, ou mesmo determinar quem vai para o segundo, ainda é uma incógnita, diz o diretor de um instituto de pesquisa. Além dos indecisos, há ainda que se considerar o impacto de outros fatores, como as filas no dia de votação (onde é comum a mudança de opção) e também os erros na hora de votar- o eleitor terá de apertar os botões 25 vezes.
O QG de Serra planejou a reta final da campanha com base na pesquisa Datafolha da semana passada, onde ele aparece com 22 milhões de votos. O objetivo é aumentá-los para 28 milhões.
Já Garotinho pretende saltar de 17 milhões de votos para 25 milhões (22%). Almeida, da campanha de Ciro, não faz estimativa, até porque seu candidato repete sempre que não dá importância às pesquisas.



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