São Paulo, quarta-feira, 02 de outubro de 2002

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REGRAS DO JOGO

Fragmentos de um discurso sem sentido

LUÍS FRANCISCO CARVALHO FILHO

O regime militar acabou em 1985 e os desaparecidos ainda não apareceram. O Código Eleitoral é de 1965. A Lei de Imprensa é de 1967. A Lei de Segurança Nacional é de 1983.
 
O Ministério Público acusa. O Ministério Público esculacha. O Ministério Público não prova. Collor, Maluf, Quércia etc. etc. são candidatos do Ministério Público.
 
Os Titãs estão acabando, os Tuma estão se elegendo.
 
ACM adora a Daslu. Marta adora a Daslu. O Plano Diretor de São Paulo quase vira Daslu.
 
O PT de São Paulo acredita em processo legislativo secreto.
 
Depois de 11 de setembro de 2001, suspeitos podem ser encarcerados secretamente nos Estados Unidos. As autoridades policiais não informam o nome do preso nem a data nem o motivo da detenção. As palavras chaves são terrorismo e islã, mas poderiam ser outras. Os programas de segurança dos partidos brasileiros parecem defasados...
 
O PFL poderá ser partido de oposição pela primeira vez desde a posse de Tomé de Souza. Será?
 
A família Sarney e comunistas históricos dividiram-se entre Lula, Serra e Ciro. Pelo menos até a reta final das eleições.
 
Tasso Jereissati é do PSDB?
 
Para setores evangélicos, o voto em Garotinho -candidato de esquerda- é instrumento para se evitar que homossexuais adquiram status de uma nova raça. Concebida pelo Diabo, a "raça gay" seria formada por pessoas capazes de se reproduzirem sem relação com o sexo oposto.
 
Empresários da Fiesp não perdem eleição. Aderem.
 
Presos ainda não condenados definitivamente pela Justiça irão votar em alguns estados. É inédito e simples: urnas no interior dos presídios. Assim se combate a exclusão política. Em São Paulo, onde vive a maior parte dos presos brasileiros, a exclusão continua intacta e ninguém se importa.
 
Censura a favor de Roriz. Censura a favor de Garotinho. Mania de censura no Brasil.
 
O horário gratuito dos candidatos a deputado provoca o riso dos correspondentes estrangeiros. Nós já nos acostumamos.
 
A maioria dos eleitores hoje escolhe seus representantes na Câmara dos Deputados e nas Assembléias Legislativas sem saber em quem, de fato, está votando.
Com o voto distrital misto não seria diferente?
 
A urna eletrônica é segura? A Justiça Eleitoral garante que sim.
 
A lei é muito clara: não será tolerada propaganda que prejudique a estética urbana.
 
A lei é muito clara: no dia da votação não pode haver manifestação pública de eleitores.
 
FHC é tão ruim?
 
Durante as eleições, nem tudo pode ser dito. É a regra do jogo.

lfcarvalhofilho@uol.com.br


LUÍS FRANCISCO CARVALHO FILHO, advogado criminal e articulista da Folha, escreve às quartas nesta coluna


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