São Paulo, sábado, 02 de outubro de 2004

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Doméstica conta casos de racismo desde a infância

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

"Nunca mais tive coragem de abrir a boca na sala", conta Tânia Mara Silva dos Santos, 30. Quando tinha 8 anos, fez uma pergunta na classe e ouviu de outro aluno: "Essa neguinha é burra".
Hoje, Tânia é doméstica e lamenta não ter continuado a estudar -abandonou a escola quando tinha 16 anos, sem conseguir completar o ensino médio.
A timidez, segundo ela, foi reforçada pelo descaso dos professores. Os comentários racistas eram levemente condenados e os considerava muito graves.
Alguns alunos cantavam músicas ofensivas e o repreendimento por parte dos professores vinha sempre em tons de bom humor.
A ofensa era dispensada como brincadeirinha de criança. "Mas eu nunca mais quis botar o pé na escola. Quando virei adolescente, não voltei mais", diz Tânia, que estudou em escola pública de São Paulo.

Descaso
Nem sempre o descaso predomina. No caso de Cláudia (nome fictício), 6, a escola particular de Taguatinga (DF) tomou providências depois que seus colegas disseram que ela tinha "cor de cocô" e a perturbaram na kombi escolar.
Os pais foram reunidos e as crianças pediram desculpas. Porém, Cláudia ficou retraída, triste e reflexiva sobre sua cor de pele.
A menina passou semanas sem conseguir usar a condução escolar.


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