|
Texto Anterior | Índice
Doméstica conta casos de racismo desde a infância
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
"Nunca mais tive coragem
de abrir a boca na sala", conta Tânia Mara Silva dos Santos, 30. Quando tinha 8 anos,
fez uma pergunta na classe e
ouviu de outro aluno: "Essa
neguinha é burra".
Hoje, Tânia é doméstica e
lamenta não ter continuado
a estudar -abandonou a escola quando tinha 16 anos,
sem conseguir completar o
ensino médio.
A timidez, segundo ela, foi
reforçada pelo descaso dos
professores. Os comentários
racistas eram levemente
condenados e os considerava muito graves.
Alguns alunos cantavam
músicas ofensivas e o repreendimento por parte dos
professores vinha sempre
em tons de bom humor.
A ofensa era dispensada
como brincadeirinha de
criança. "Mas eu nunca mais
quis botar o pé na escola.
Quando virei adolescente,
não voltei mais", diz Tânia,
que estudou em escola pública de São Paulo.
Descaso
Nem sempre o descaso
predomina. No caso de
Cláudia (nome fictício), 6, a
escola particular de Taguatinga (DF) tomou providências depois que seus colegas
disseram que ela tinha "cor
de cocô" e a perturbaram na
kombi escolar.
Os pais foram reunidos e
as crianças pediram desculpas. Porém, Cláudia ficou retraída, triste e reflexiva sobre
sua cor de pele.
A menina passou semanas
sem conseguir usar a condução escolar.
Texto Anterior: Igualdade racial: Governo distribui kit para combater racismo em escola Índice
|