São Paulo, sexta-feira, 02 de novembro de 2001

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JANIO DE FREITAS

O dinheiro que falta

A defesa apresentada pelo ministro Pedro Malan, posto sob irritadas acusações de reter verbas esperadas pelos ministérios, talvez não pudesse ser outra, mas nem por isso deixou de ser o que há algum tempo se chamaria uma "entrega geral dos companheiros". Muito oportuna.
Trava-se um confronto, com alguns episódios ríspidos, em torno de uma verba que poderia ser R$ 300 milhões, ou pouco mais, para atenuar as perdas salariais dos professores das universidades federais. Pois bem, o Ministério da Educação, em cujo quadro estão os professores das federais, deixou de buscar no Tesouro Nacional R$ 822,5 milhões da verba que poderia sacar entre janeiro e setembro. Nas palavras de Malan, sobre o quadro das movimentações ministeriais no Tesouro:
"Liberamos recursos à medida que são solicitados. Esse dinheiro poderia ter sido gasto se fosse solicitado."
A primeira parte dessa resposta não é muito fiel aos fatos. Dá a impressão de um mecanismo automático que não existe. Com frequência, a liberação de recursos devidos a um ministério depende de que o respectivo ministro se disponha a lutar pela verba. Não fosse essa a realidade, a defesa de Malan não seria mandada à Comissão de Orçamento porque seu colega José Serra foi conversar com parlamentares sobre problemas na liberação de verbas para a Saúde.
Na semana passada, Paulo Renato Souza dizia à Folha: ..."eu sou duro". Devia ter completado: para com os de baixo, não para cima e nem mesmo para os lados. Como é preciso um pouco mais do que "solicitar" as verbas para a Educação, o dinheiro vai ficando no Tesouro. E os professores, alunos e vestibulandos vão ficando nas ruas, em manifestações por verbas que diminuam a indignidade dos vencimentos e, se possível, permitam o preenchimento das 8.000 vagas de professores nas universidades que integram o Ministério da Educação.

Blablablá
O governo anuncia linha de crédito na Caixa Econômica Federal para casa própria. Todo mês há um anúncio desses. E nada.

Evidências
Nada pode justificar a ocupação pelo Exército das áreas, no Pará, onde a Comissão de Direitos da Câmara busca ossadas de guerrilheiros do Araguaia, para entregá-las às famílias. É, no mínimo, provocação ao Congresso. E motivo para a suposição de que a finalidade é aproveitar a ausência temporária da comissão e retirar da área os cadáveres que evidenciassem ferocidades desatinadas, como mutilações.



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