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JANIO DE FREITAS
O dinheiro que falta
A defesa apresentada pelo
ministro Pedro Malan, posto
sob irritadas acusações de reter
verbas esperadas pelos ministérios, talvez não pudesse ser outra,
mas nem por isso deixou de ser o
que há algum tempo se chamaria
uma "entrega geral dos companheiros". Muito oportuna.
Trava-se um confronto, com alguns episódios ríspidos, em torno
de uma verba que poderia ser R$
300 milhões, ou pouco mais, para
atenuar as perdas salariais dos
professores das universidades federais. Pois bem, o Ministério da
Educação, em cujo quadro estão
os professores das federais, deixou
de buscar no Tesouro Nacional
R$ 822,5 milhões da verba que poderia sacar entre janeiro e setembro. Nas palavras de Malan, sobre
o quadro das movimentações ministeriais no Tesouro:
"Liberamos recursos à medida
que são solicitados. Esse dinheiro
poderia ter sido gasto se fosse solicitado."
A primeira parte dessa resposta
não é muito fiel aos fatos. Dá a
impressão de um mecanismo automático que não existe. Com frequência, a liberação de recursos
devidos a um ministério depende
de que o respectivo ministro se
disponha a lutar pela verba. Não
fosse essa a realidade, a defesa de
Malan não seria mandada à Comissão de Orçamento porque seu
colega José Serra foi conversar
com parlamentares sobre problemas na liberação de verbas para a
Saúde.
Na semana passada, Paulo Renato Souza dizia à Folha: ..."eu
sou duro". Devia ter completado:
para com os de baixo, não para
cima e nem mesmo para os lados.
Como é preciso um pouco mais do
que "solicitar" as verbas para a
Educação, o dinheiro vai ficando
no Tesouro. E os professores, alunos e vestibulandos vão ficando
nas ruas, em manifestações por
verbas que diminuam a indignidade dos vencimentos e, se possível, permitam o preenchimento
das 8.000 vagas de professores nas
universidades que integram o Ministério da Educação.
Blablablá
O governo anuncia linha de crédito na Caixa Econômica Federal
para casa própria. Todo mês há
um anúncio desses. E nada.
Evidências
Nada pode justificar a ocupação
pelo Exército das áreas, no Pará,
onde a Comissão de Direitos da
Câmara busca ossadas de guerrilheiros do Araguaia, para entregá-las às famílias. É, no mínimo,
provocação ao Congresso. E motivo para a suposição de que a finalidade é aproveitar a ausência
temporária da comissão e retirar
da área os cadáveres que evidenciassem ferocidades desatinadas,
como mutilações.
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