São Paulo, sexta-feira, 02 de novembro de 2001

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CRISE NO ES

PF aponta indício de crimes na gestão Ignácio

DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A situação do governador do Espírito Santo, José Ignácio Ferreira (PTN), complicou-se nesta semana com a entrega pela Polícia Federal de relatório ao STJ (Superior Tribunal de Justiça) concluindo que há indícios de prática de vários crimes no inquérito penal que tramita contra ele e outras pessoas.
A Superintendência da PF no Estado chegou a essa conclusão após realizar uma série de investigações ordenadas pelo relator do inquérito no STJ, ministro Barros Monteiro. Anteontem, o ministro enviou os autos ao Ministério Público Federal para aguardar parecer sobre a abertura de processo criminal.
Segundo a PF, há indícios de prática de crimes contra a administração pública -corrupção passiva, condescendência criminosa, advocacia administrativa, peculato e exigência indevida de tributo-, de crimes comuns -formação de quadrilha, falsidade ideológica e uso de documento falso- e crime do colarinho branco (gestão temerária).

Licença
Se o Ministério Público concordar com a conclusão da PF e oferecer a denúncia criminal, o STJ dependerá de licença prévia da Assembléia Legislativa para instaurar a ação penal.
O inquérito foi aberto a partir da apuração de cinco fatos aparentemente irregulares: dois empréstimos bancários durante a campanha eleitoral, em 1998, criação de "fábrica de sopas", transferência de créditos de ICMS e pagamento de despesas pessoais por cooperativa de crédito.
Está sob investigação, por exemplo, um empréstimo de R$ 2,6 milhões no Banestes (Banco do Estado do Espírito Santo). Também há suspeita de pagamento de parte da dívida da campanha por empresas que, depois, teriam recebido incentivos fiscais do Estado.

Defesa
Em depoimento à PF no último dia 19, José Ignácio negou todas as suspeitas. Ele afirmou, por exemplo, que desconhece os detalhes técnicos da operação financeira que resultou na quitação dos débitos da campanha. O governador disse que só soube recentemente que suas despesas pessoais estavam sendo pagas por cooperativa de crédito do Estado.
O secretário de Comunicação do Governo, José Nunes, disse que o relatório da PF é "apenas a transcrição do depoimento do governador". Segundo Nunes, Ignácio vai aguardar o pronunciamento do STJ para só então dar declarações.


Colaborou a Agência Folha



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