São Paulo, sexta-feira, 02 de novembro de 2001

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SUCESSÃO NO ESCURO

Em Contagem, ministro ataca Lula e Ciro e lembra que foi na cidade que FHC iniciou sua campanha em 94

"Devemos ouvir" Tasso, diz Serra em Minas

Luiz Costa/"Hoje em Dia"
José Serra e Aécio Neves, em evento para liberação de verba para obra de hospital em Contagem


PAULO PEIXOTO
DA AGÊNCIA FOLHA, EM CONTAGEM

O ministro da Saúde, José Serra, um dos pré-candidatos tucanos à presidência, fez ontem, em Contagem (MG), elogios ao governador Tasso Jereissati (CE), seu concorrente interno no PSDB, e criticou os presidenciáveis opositores do governo federal. Tudo isso sob protesto de servidores federais em greve.
Os elogios a Tasso foram feitos em razão do questionamento sobre as criticas de ajustes na economia feitas pelo governador cearense, que também defendeu menos poder à área da Fazenda, gerida por Pedro Malan.
"É uma pessoa que eu respeito muito. Creio que está expondo suas idéias sobre o Brasil. Não acredito que esteja hostilizando o governo, está expondo suas idéias. Devemos ouvir. Ele sempre vai dizer coisas boas que merecem ser levadas em conta", disse Serra sobre Tasso.
Serra também negou haver divergências entre ele e Malan no que diz respeito às liberações de recursos. "Não estamos reivindicando nada a mais, apenas o Orçamento. Não há nenhuma briga com a Fazenda", disse.
"Hoje eu vi declarações do ministro dizendo que não há problema nenhum, que tudo aquilo que está no Orçamento vai ser liberado. Eu acho ótimo. Eu não tive esse diálogo com o ministro Malan. Na verdade, ele respondeu sobre o que os parlamentares disseram. Eu apenas registrei o que os parlamentares me disseram na casa do Aécio Neves [presidente da Câmara", as dificuldades existentes no caso das emendas coletivas, que estão no Orçamento."
Serra foi a Minas liberar verbas para a construção de um hospital em Contagem, administrada por um tucano e, em discurso, deu um tom eleitoral à visita ao dizer que foi naquela cidade que se deu "a partida" para a candidatura de FHC, em 1994. Foi lá que aconteceu a convenção do PSDB que escolheu FHC candidato do PSDB à presidência. O ministro, no entanto, insistiu que não é pré-candidato ao Planalto.

"Coelhinho"
No discurso e em entrevista, Serra não poupou críticas aos presidenciáveis da oposição. Disparou as primeiras críticas ao falar sobre sua "coragem para enfrentar os interesses poderosos" na área da saúde. "Nós sabemos enfrentar interesse. Tem gente que fala que vai enfrentar interesse, que grita, que reclama, e na hora H fica como coelhinho em um canto, sem enfrentar as brigas necessárias para melhorar o padrão de vida da nossa população", disse ele, provocando aplausos.
Para assessores de Serra, o coelhinho, no caso, é o PT. Mas o ministro se esquivou de dizer a quem se referia. "Em São Paulo precisa de meia palavra. Em Minas, um quarto de palavra basta. Vocês sabem a que eu me refiro".
E criticou mais: "Tem gente desocupada, que não tem nada para fazer. Se lança candidato, fica criticando e amolando a vida de quem está trabalhando. Eu não entro na jogada".
Sobre a quem endereçava essa outra crítica, Serra disse: "É muito fácil, basta vocês lerem a imprensa [os jornais"". Ele se referia ao presidenciável Ciro Gomes (PPS), que anteontem disse que Serra tentou "sabotar" o Plano Real.

Protestos
No local havia também opositores de Serra. Eram servidores federais em greve (Saúde, Previdência e Trabalho), cerca de 70 pessoas, que carregaram ao menos 40 cartazes com a foto de Serra e um "procura-se" escrito.


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