São Paulo, sexta-feira, 02 de novembro de 2001

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Preocupação com imagem ética mobiliza partido

DA REPORTAGEM LOCAL

Pressionado por acusações contra seus governos estaduais, o PT procura evitar o desgaste do que considera ser um de seus principais "ativos" eleitorais: a imagem de partido ético na administração pública.
A direção nacional da legenda dá duas orientações gerais a governadores e prefeitos alvos de acusações. A primeira é responder à altura aos autores das denúncias, cobrando a revelação de provas, e lembrar a motivação supostamente política dos ataques.
"Não podemos nos intimidar, mas responder à altura. Temos claro que o objetivo de nossos adversários é demolir um dos pilares da credibilidade petista, que é justamente a questão ética", diz o secretário petista de Assuntos da Federação, Jorge Bittar. Para ele, a relação das denúncias com a liderança de Luiz Inácio Lula da Silva nas pesquisas "é clara".
A segunda orientação aos governadores é que investiguem a fundo os casos, mas sempre a partir da existência de indícios minimamente sólidos.
O caso gaúcho é um exemplo que justifica investigação, segundo o PT. Já uma acusação como a feita contra a vice-governadora do Rio, Benedita da Silva, pelo governador Anthony Garotinho (PSB), de que teria desviado recursos para construção de um restaurante, não merece, a princípio, consideração.
"Não foi apresentado uma prova ou indício sequer no caso da Benedita. Nesses casos, a orientação é acionar judicialmente o detrator. O PT é um partido que apura, mas sempre age com critério", disse Bittar.
O mais recente episódio envolvendo um governo petista é o da divulgação de conversas telefônicas envolvendo a administração gaúcha com o jogo do bicho.
Recentemente também houve revelações de uma CPI sul-matogrossense sobre verbas secretas utilizadas pelo governador Zeca do PT e a suspeita de formação de cartel para fornecimento de gasolina para o governo de Jorge Viana (AC). Bittar conversou com Viana transmitindo as recomendações da direção do partido.

Vantagem competitiva
A preocupação do PT de faturar eleitoralmente o discurso da ética na administração pública foi explicitada no ano passado por um artigo assinado por Lula que virou referência no partido. O título do artigo -"A honestidade como vantagem competitiva"- incorpora o jargão liberal. O texto foi distribuído ao partido em plena campanha municipal, com a orientação expressa de que pautasse o discurso dos candidatos.
"Nós, do PT, temos políticas concretas de combate à corrupção. Em praticamente todos os municípios e Estados em que o nosso partido chega ao governo, a arrecadação aumenta e os cofres públicos passam a ter recursos suficientes para investimentos sociais", dizia o artigo de Lula.
O presidenciável petista prossegue: "[Nos governos petistas" terminam a roubalheira, o clientelismo, o leilão de cargos e postos de direção. E são aplicados programas de modernização administrativa e financeira."



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