São Paulo, sábado, 02 de novembro de 2002

Texto Anterior | Próximo Texto | Índice

NOVO GOVERNO

Integrantes do PL, que se coligou com o PT, já demonstram descontentamento com espaço para PSB e PDT

Aliados de Lula já pressionam por cargos

PATRICIA ZORZAN
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL

LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A primeira reunião entre o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da Silva (PT), e representantes dos partidos aliados, realizada ontem, em São Paulo, deu início a uma corrida pelos principais ministérios do futuro governo.
Embora as discussões a respeito de cargos devam acontecer formalmente apenas a partir da próxima terça-feira, as principais legendas que deram apoio a Lula já começam a demonstrar preferências e, ainda que indiretamente, a pressionar o PT.
Preocupado em ter de dividir cargos com partidos que só optaram por Lula no segundo turno, deputados do PL demonstram descontentamento.
"O PSB, o PDT querem espaço no governo. Nós somos o espaço", diz o vice-presidente da legenda, Bispo Rodrigues (RJ).
Outro deputado, João Caldas (PL-AL), afirma que o partido, por ter se coligado a Lula desde a primeira fase da disputa, quer "participar das indicações" para os cargos federais no Estado.
O deputado Luiz Antônio de Medeiros também fez questão de lembrar que o PL esteve com o presidente eleito "não apenas na bonança, mas na dificuldade".
Na próxima terça-feira, em Brasília, uma reunião da bancada e da Executiva do partido resultará em um pedido mais explícito de participação no governo Lula. "Vou deixar claro na reunião que é natural que o PL tenha um ministério, apesar de nosso apoio a Lula ser incondicional", disse Tarcísio Tadeu, secretário-geral do PL-SP.
Os liberais têm preferência pela área social, como deixa claro Bispo Rodrigues. "A bancada evangélica tem preferência pela área social, mas o ministério é do Lula. Ele indica quem quer", declarou.

Segundo turno
O PDT de Leonel Brizola também já tem alvos definidos. Suas áreas preferenciais são as da Educação e da Agricultura, consideradas pelos pedetistas como historicamente de interesse da sigla.
Entre os citados para ocupar um dos cargos, o próprio presidente do partido, Leonel Brizola.
"Brizola daria status para qualquer uma [das pastas]", afirmou um dirigente do PDT que prefere não ter seu nome revelado.
O PPS do presidenciável derrotado Ciro Gomes avalia ter em seus quadros três ministeriáveis em potencial: o próprio Ciro, o presidente da legenda e agora deputado federal eleito Roberto Freire (PE), e o deputado federal Emerson Kapaz (SP), que não conseguiu um novo mandato.
Embora hoje seja considerada pequena a possibilidade de Ciro vir a ocupar um ministério, os correligionários do presidenciável derrotado afirmam que a Previdência e a Integração Regional são áreas relacionadas a ele.
Freire é visto como apto para ocupar a Justiça ou, assim como Kapaz, como um dos ministeriáveis para a Ciência e Tecnologia.
Tida como parte integrante do "coração" do futuro governo, a Justiça, entretanto, é vista pelo próprio PPS como uma das pastas que ficarão sob o controle do PT.
A participação da legenda de Ciro no governo Lula ainda não é consensual entre os integrantes da sigla. A idéia será debatida em uma reunião da direção nacional pepessista nos próximos dias 9 e 10. Mas desde já o PPS condiciona sua colaboração a pastas com "influência de Estado".
Na reunião de ontem com o PT, foi decidido ainda que as discussões envolvendo os aliados serão conduzidas pelo presidente nacional do PT, José Dirceu, e pelo secretário-geral Luiz Dulci, e apenas em nível partidário.
Os primeiros a serem recebidos por Lula no início da semana deverão ser Anthony Garotinho (PSB) e Ciro. A agenda de encontros com os dois presidenciáveis derrotados e com os presidentes dos partidos aliados deverá ser definida entre hoje e amanhã.



Texto Anterior: Filha de Lula diz sentir "alívio" com vitória
Próximo Texto: Assédio do PL incomoda siglas pró-PT
Índice



Copyright Empresa Folha da Manhã S/A. Todos os direitos reservados. É proibida a reprodução do conteúdo desta página em qualquer meio de comunicação, eletrônico ou impresso, sem autorização escrita da Folhapress.