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NOVO GOVERNO
Integrantes do PL, que se coligou com o PT, já demonstram descontentamento com espaço para PSB e PDT
Aliados de Lula já pressionam por cargos
PATRICIA ZORZAN
FÁBIO ZANINI
DA REPORTAGEM LOCAL
LUCIO VAZ
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA
A primeira reunião entre o presidente eleito, Luiz Inácio Lula da
Silva (PT), e representantes dos
partidos aliados, realizada ontem,
em São Paulo, deu início a uma
corrida pelos principais ministérios do futuro governo.
Embora as discussões a respeito
de cargos devam acontecer formalmente apenas a partir da próxima terça-feira, as principais legendas que deram apoio a Lula já
começam a demonstrar preferências e, ainda que indiretamente, a
pressionar o PT.
Preocupado em ter de dividir
cargos com partidos que só optaram por Lula no segundo turno,
deputados do PL demonstram
descontentamento.
"O PSB, o PDT querem espaço
no governo. Nós somos o espaço", diz o vice-presidente da legenda, Bispo Rodrigues (RJ).
Outro deputado, João Caldas
(PL-AL), afirma que o partido,
por ter se coligado a Lula desde a
primeira fase da disputa, quer
"participar das indicações" para
os cargos federais no Estado.
O deputado Luiz Antônio de
Medeiros também fez questão de
lembrar que o PL esteve com o
presidente eleito "não apenas na
bonança, mas na dificuldade".
Na próxima terça-feira, em Brasília, uma reunião da bancada e da
Executiva do partido resultará em
um pedido mais explícito de participação no governo Lula. "Vou
deixar claro na reunião que é natural que o PL tenha um ministério, apesar de nosso apoio a Lula
ser incondicional", disse Tarcísio
Tadeu, secretário-geral do PL-SP.
Os liberais têm preferência pela
área social, como deixa claro Bispo Rodrigues. "A bancada evangélica tem preferência pela área
social, mas o ministério é do Lula.
Ele indica quem quer", declarou.
Segundo turno
O PDT de Leonel Brizola também já tem alvos definidos. Suas
áreas preferenciais são as da Educação e da Agricultura, consideradas pelos pedetistas como historicamente de interesse da sigla.
Entre os citados para ocupar
um dos cargos, o próprio presidente do partido, Leonel Brizola.
"Brizola daria status para qualquer uma [das pastas]", afirmou
um dirigente do PDT que prefere
não ter seu nome revelado.
O PPS do presidenciável derrotado Ciro Gomes avalia ter em
seus quadros três ministeriáveis
em potencial: o próprio Ciro, o
presidente da legenda e agora deputado federal eleito Roberto
Freire (PE), e o deputado federal
Emerson Kapaz (SP), que não
conseguiu um novo mandato.
Embora hoje seja considerada
pequena a possibilidade de Ciro
vir a ocupar um ministério, os
correligionários do presidenciável derrotado afirmam que a Previdência e a Integração Regional
são áreas relacionadas a ele.
Freire é visto como apto para
ocupar a Justiça ou, assim como
Kapaz, como um dos ministeriáveis para a Ciência e Tecnologia.
Tida como parte integrante do
"coração" do futuro governo, a
Justiça, entretanto, é vista pelo
próprio PPS como uma das pastas
que ficarão sob o controle do PT.
A participação da legenda de Ciro no governo Lula ainda não é
consensual entre os integrantes
da sigla. A idéia será debatida em
uma reunião da direção nacional
pepessista nos próximos dias 9 e
10. Mas desde já o PPS condiciona
sua colaboração a pastas com "influência de Estado".
Na reunião de ontem com o PT,
foi decidido ainda que as discussões envolvendo os aliados serão
conduzidas pelo presidente nacional do PT, José Dirceu, e pelo
secretário-geral Luiz Dulci, e apenas em nível partidário.
Os primeiros a serem recebidos
por Lula no início da semana deverão ser Anthony Garotinho
(PSB) e Ciro. A agenda de encontros com os dois presidenciáveis
derrotados e com os presidentes
dos partidos aliados deverá ser
definida entre hoje e amanhã.
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