São Paulo, sábado, 02 de novembro de 2002

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CONGRESSO

Temer defende oposição propositiva, Requião quer apoio a Lula e Calheiros aceita discutir participação no governo

Dividido, PMDB ensaia oposição moderada

RAQUEL ULHÔA
DA SUCURSAL DE BRASÍLIA

A exemplo do que o PSDB e o PFL fizeram nesta semana, a cúpula do PMDB pretende divulgar, na próxima terça-feira, uma nota informando que o partido exercerá oposição ao governo de Luiz Inácio Lula da Silva, ressalvando que contribuirá para a governabilidade no campo congressual.
Mas o partido está dividido em relação ao rumo a ser tomado e o tom da nota será definido na próxima terça, em Brasília, em reunião da Comissão Executiva Nacional com quatro dos cinco governadores que o partido elegeu.
O governador eleito do Paraná, senador Roberto Requião, que defende aliança com o governo Lula, avisou que não irá participar do encontro. Além dele, o governador eleito de Santa Catarina, Luiz Henrique, também prega apoio ao futuro governo. O catarinense jantaria ontem com o governador eleito do Rio Grande do Sul, Germano Rigotto (PMDB), para convencê-lo a aderir à tese.
Outro que tem manifestado posição mais light em relação ao governo Lula é o líder do partido no Senado, Renan Calheiros (AL). Nesta semana, ele deu declarações admitindo que o PMDB poderá analisar uma eventual participação da base de apoio a Lula.
Integrantes da cúpula do partido argumentam que Renan assumiu essa posição porque está em campanha para tentar se eleger presidente do Senado.
Na tentativa de buscar unidade no PMDB, o presidente do partido, deputado Michel Temer (SP), já conversou com os futuros governadores, exceto Requião: ""Nós não temos o desejo de ir para o governo. Devemos assegurar a governabilidade, aprovando no Congresso o que for útil para o país, mas tendo a liberdade de nos opor ao que for inútil", disse.
Segundo ele, isso significa fazer uma "oposição propositiva" ao governo Lula. Isso significa, por exemplo, apoiar o aumento do salário mínimo de R$ 200 para R$ 211, como está previsto no Orçamento de 2003, caso essa seja a proposta do PT, entendendo as dificuldades do governo federal. O PFL e o PSDB, em contraste, já estão defendendo um valor maior, de R$ 240 no mínimo.
Há diferenças sutis entre as posições já tomadas. O PSDB declarou uma oposição "fiscalizadora e construtiva". O PFL optou por uma oposição "responsável, fiscalizadora e guardiã das liberdades individuais e coletivas".


Colaborou OTÁVIO CABRAL, do Painel, em Brasília



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