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São Paulo, domingo, 02 de novembro de 2003

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Movimento não divulga seus balanços

EDUARDO SCOLESE
DA AGÊNCIA FOLHA

Doações vindas de pastorais, de ONGs (organizações não-governamentais) do Brasil e do exterior, dos assentados da reforma agrária, de políticos e de sindicatos formam o caixa do MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
O movimento, porém, não apresenta seus balanços, justamente por ser uma entidade que inexiste juridicamente.
Como não existe oficialmente, usa a Anca (Associação Nacional de Cooperação Agrícola) e a Concrab (Confederação das Cooperativas de Reforma Agrária do Brasil) para receber doações e fazer convênios.
A partir de meados dos anos 90, com o aumento de famílias assentadas no governo FHC, a arrecadação do movimento também cresceu. Os recursos passaram a vir também dos assentados, com doações ao MST de um percentual (1% a 2%) de seus créditos do governo. Além disso, o movimento conta com as verbas públicas repassadas às suas cooperativas.
No final dos anos 90, o caixa do movimento recebeu quantias extras referentes aos direitos do livro "Terra", do fotógrafo Sebastião Salgado.
Nos tempos de hiperinflação, os cheques vindos do exterior em envelopes já chegavam ao MST com seus valores inchados. As cifras cresciam ainda mais, semanas depois, com o acúmulo da inflação nacional.
Atualmente, coordenadores estaduais e nacionais recebem uma espécie de ajuda de custo, que varia de um a três salários mínimos.
Políticos também colaboram com o movimento, emprestando imóveis e financiando o pagamento de funcionários.
Até para invadir uma fazenda, o MST precisa de caixa: aluguel de caminhões para o transporte dos sem-terra e compra de madeiras e lonas para a montagem dos acampamentos, além de alimentos e remédios.
Para manter os acampamentos, contam com a ajuda dos trabalhadores já assentados, que passam a doar parte de sua produção para o sustento dos sem-terra. As cestas básicas distribuídas pelo governo são insuficientes para atender à atual demanda -200 mil famílias acampadas.


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