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São Paulo, domingo, 02 de novembro de 2003

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PRATO FEITO

Restaurante destinará aos sem-terra parte do dinheiro das vendas

Nova York cria prato para o MST

CÍNTIA CARDOSO
DE NOVA YORK

Um aperitivo à base de pesto, batatas, creme de tofu e repolho marinado foi a receita que a americana Leslie McEachern, 54, encontrou para apoiar o MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra).
Inspirada pela luta do maior movimento social brasileiro, a proprietária do restaurante Angelica Kitchen, em Nova York, incluiu há um mês no cardápio da casa o prato batizado de "Agrarian salgado".
Parte da renda arrecadada com a venda do prato, que custa US$ 6,50 (aproximadamente R$ 18,50), será enviada ao MST. O percentual, no entanto, ainda não foi estipulado.
Além da descrição dos ingredientes do "Agrarian salgado", o menu do Angelica Kitchen traz um pequeno texto explicando a trajetória do MST e informando que parte da renda será doada ao movimento.
Segundo a proprietária, o prato tem sido bem recebido pelos fregueses do restaurante. Uma clientela eclética -de "yuppies" a donas-de-casa que fazem parte dos Vigilantes do Peso- frequenta o restaurante vegetariano localizado no East Village, bairro com perfil boêmio e atrações gastronômicas.
A idéia para essa forma inusitada de financiamento para o MST, conta McEachern, nasceu aos poucos.
"Por intermédio de um amigo, líderes do MST vieram ao meu restaurante quando estiveram em Nova York há uns três anos. Conheci a proposta do grupo e me interessei em ajudá-los. Para mim, é um dos movimentos sociais mais positivos de todo o planeta", afirma McEachern.

"Missão"
Depois desse encontro em Nova York, a proprietária manteve contato com os integrantes dos sem-terra no Brasil. A parceria culminou com uma visita dela ao Brasil.
A convite do MST, McEachern participou do Fórum Social Mundial, em Porto Alegre, no começo deste ano.
Na época, a dona do Angelica Kitchen chegou a oferecer conselhos nutricionais aos sem-terra que conheceu nos assentamentos que conheceu no país.
Ela diz que agora sua "maior missão" é "educar" os seus compatriotas americanos.
"Sei que o dinheiro arrecadado com o prato não vai fazer tanta diferença, mas é a minha maneira de participar. Quero educar as pessoas daqui. Todos precisam conhecer a importância desse movimento social", afirma ela.
A proprietária diz ainda que o apoio a causas sociais, como a do MST, faz parte da sua trajetória pessoal.
"Sempre fui engajada. Mas o que mais me atraiu no MST foi que o movimento é baseado na cooperação e na solidariedade. É um grande exemplo."


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