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CASO SANTO ANDRÉ
Ministério Público deve denunciar Sérgio Gomes da Silva por participação no assassinato de prefeito
Promotoria liga empresário à morte de Daniel
LILIAN CHRISTOFOLETTI
DA REPORTAGEM LOCAL
O Ministério Público de São
Paulo acredita já ter reunido provas contra o empresário Sérgio
Gomes da Silva sobre sua suposta
participação no assassinato de
Celso Daniel (PT), ex-prefeito de
Santo André. O empresário e outro homem, cuja identidade é
mantida sob sigilo, deverão ser
acusados formalmente em aproximadamente dez dias.
Gomes da Silva estava no carro
no momento em que Daniel foi
sequestrado e depois morto, em
janeiro do ano passado. Na linha
de investigação da Promotoria, o
empresário, que entrou em contradições ao tentar reproduzir a
dinâmica do crime, simulou o sequestro do prefeito, de quem era
amigo desde 1988.
Daniel era um importante nome dentro do PT. Ele havia sido
convidado pelo então candidato
petista à Presidência, Luiz Inácio
Lula da Silva, a assumir uma das
coordenadorias da campanha.
Após sua morte, foi substituído
pelo hoje ministro Antonio Palocci Filho (Fazenda).
Entre as provas contra Gomes
da Silva está o depoimento de
uma testemunha que cita literalmente o nome do empresário como um dos envolvidos no assassinato do prefeito.
Outros depoimentos e provas
formam um triângulo de relações
que complica a situação do empresário: os seis homens da favela
Pantanal, presos pela Polícia Civil
sob acusação de terem assassinado Daniel, tinham uma estreita
relação com Dionizio de Aquino
Severo, que, por sua vez, era próximo a Gomes da Silva.
Sete dias antes de ser assassinado na cadeia, em março passado,
Severo afirmou em depoimento
que conhecia Gomes da Silva. Severo foi visto na Prefeitura de Santo André e, antes de ser preso,
procurou jornalistas dizendo ter
informações importantes.
Durante a investigação, a Promotoria ouviu novamente todos
os presos e quebrou os sigilos telefônicos e bancários dos investigados. O resultado das quebras é
mantido em segredo.
Até o oferecimento da denúncia
(que marca o início de um processo judicial), a Promotoria criminal deverá ouvir ainda pelo menos mais três pessoas.
A família do prefeito morto,
descontente com a versão da Polícia Civil, de que houve um crime
comum, acredita que Daniel tenha sido morto após descobrir
um esquema de corrupção incrustado na Prefeitura de Santo
André. Para os parentes, o prefeito teria sido morto ao tentar frear
a coleta de propina.
Há cerca de um ano, a Promotoria criminal de Santo André denunciou Gomes da Silva e outras
cinco pessoas por suposta cobrança de propina de empresários do setor de transporte da cidade. A cobrança aconteceria, segundo denúncias, dentro da própria prefeitura. A denúncia ainda
não foi aceita pela Justiça. Os acusados negam envolvimento.
Silêncio
Pela primeira vez na condição
de suspeito, Gomes da Silva foi
ouvido pelos promotores na semana passada. A todas as perguntas, o empresário manteve-se em
silêncio. Orientado por seu advogado, Roberto Podval, disse que
irá falar somente em juízo.
"Ouvimos o empresário na condição de suspeito porque existe
elementos de participação dele no
crime", afirmou o promotor Roberto Wider Filho, um dos responsáveis pelo caso. "Porém, só
iremos firmar nossa convicção
quando a investigação terminar.
E ainda não terminou."
Para o promotor José Reinaldo
Carneiro, as reportagens recentemente publicadas pela imprensa
são "especulação" e o momento,
segundo ele, é de "silêncio na investigação, não de divulgação".
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